Dilma 'me deu total liberdade' sobre o caso do metrô de SP, diz Cardozo

Data: 29/11/13

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta quinta-feira (28) que a presidente Dilma Rousseff assegurou a ele “total liberdade” para conduzir o caso da suposta prática de cartel em licitações dos trens e do metrô de São Paulo e do Distrito Federal.

 

Cardozo relatou, durante entrevista coletiva, que tratou do assunto com Dilma em reunião na manhã desta quinta no Palácio da Alvorada.

 

 

“A presidente me deu total liberdade para conduzir o caso. Eu a informei e ela me deu total liberdade para decidir acerca dessa matéria”, disse o titular da Justiça.

 

Cardozo se tornou alvo de críticas de partidos da oposição por ter encaminhado à Polícia Federal denúncias recebidas do deputado estadual licenciado Simão Pedro (PT), atual secretário de Serviços da prefeitura de São Paulo, sobre o suposto pagamento de propina em licitações para a compra de equipamentos para o metrô paulista durante os governos Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra.

 

Nesta quarta (27), o líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), protocolou na Procuradoria-Geral da República (PGR) e na Comissão de Ética Pública da Presidência da República pedidos de investigação da conduta de Cardozo no episódio do dossiê do metrô paulista. O parlamentar tucano acusa o ministro de ter cometido improbidade administrativa ao entregar o documento à PF e não ao Ministério Público.

 

 

Na entrevista na tarde desta quinta no Ministério da Justiça, Cardozo disse que processará por calúnia quem o chamou de “membro de quadrilha, sonso e vigarista”. O ministro não esclareceu quem fez as acusações contra ele.

 

“Sou ministro de estado da Justiça e ministro não pode, jamais, aceitar, pelo cargo que ocupa, pela função que ocupa, receber injúrias como as que têm acontecido. Um ministro de estado da Justiça não pode aceitar passivamente ser acusado como membro de uma quadrilha que falsifica documentos porque apenas mandou algo para investigar", disse.

 

 

`Polêmica eleitoral`
O ministro também ressaltou que as investigações do caso do metrô de São Paulo se “transformaram” em um debate “político-eleitoral”. Na opinião dele, "algumas pessoas" pretendem "desfocar" a investigação para criar "polêmica eleitoral".

 

“Essa investigação se transformou no debate que parece politico-eleitoral, que parece que é entre forças eleitorais que disputarão no ano que vem a Presidência da República. (...) É evidente que no Brasil algumas pessoas pretendem desfocar uma investigação que é muito séria e rigorosa, cujo inquérito em São Paulo data de 2008, para uma polêmica eleitoral, para uma disputa entre partidos”, criticou o petista.

 

Mais cedo, ao final da cerimônia de premiação do Prêmio Innovare, Cardozo já havia acusado os partidos oposicionistas de estarem querendo desviar o foco ao tentar transformá-lo em "réu". O auxiliar de Dilma enfatizou que o Ministério da Justiça não vai se "intimidar" em relação a acusações da cúpula do PSDB de que o governo estaria usando a máquina pública para perseguir adversários políticos.

 

 

Tradução
Em entrevista coletiva na última terça (27), a cúpula do PSDB acusou o deputado estadual licenciado do PT Simão Pedro de forjar um documento para incriminar políticos tucanos do governo paulista.

 

Segundo o ministro da Justiça, ele recebeu do deputado petista uma versão em inglês e outra em português do documento com detalhes sobre o suposto esquema de corrupção. Cardozo voltou a dizer que repassou o dossiê à PF para que os investigadores determinassem a veracidade dos documentos.

 

"Eu mandei investigar para dizer se são verdadeiros ou não. [...] Como não mandar investigar? Um conjunto de documentos com histórico, planilhas e contratos, que têm fatos narrados. São verdadeiros? Não sei”, afirmou.

 

As duas cartas anexadas ao inquérito da Polícia Federal são anônimas, datadas de junho de 2008. A maior parte do conteúdo é igual. É nas diferenças, em frases em português que  não existem na carta em inglês, que aparecem acusações diretas de corrupção ao PSDB.



O PSDB quer a demissão de Cardozo porque ele recebeu e repassou diretamente à Polícia Federal – e não à Procuradoria-Geral da República – as cartas anônimas, entregues por Simão Pedro.



O PSDB também acusa Simão Pedro de ter traduzido a carta do inglês para o português,  incluindo no texto acusações a políticos do PSDB. O deputado nega a autoria das cartas e diz que vai processar os tucanos. "Eles não tem como comprovar isso, isso é uma calunia, eu me senti caluniado. Por isso, eu quero que eles provem na Justiça que foi eu que fiz essa alteração se é que ela existiu", afirmou Simão Pedro.



Cardozo disse na entrevista desta quinta que as duas cartas são documentos independentes, que uma não é tradução da outra. "São tantas, mas tantas as diferenças que eu ficaria duas horas para mostrar as diferenças. Os senhores verificaram que são dois documentos, não é uma tradução", declarou.



Mas o PSDB contesta: "Foi o próprio ministro que recebeu esse documento e ele tem clareza de que é uma tradução porque no índice que o denunciante entregou para ele está escrito `documento original` e embaixo `tradução`. Isso o ministro não explicou", disse o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).



O índice ao que o deputado se refere é o sumário de documentos recebidos pela Polícia Federal, e anexado ao inquérito que apura denúncias de irregularidades em contratos de compra e manutenção de trens pela CPTM e metrô de São Paulo, de 1998 a 2008, durante os governos de Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, todos do PSDB e em licitações para o metrô do distrito federal, durante os governos de José Roberto Arruda, eleito pelo DEM, e Joaquim Roriz, eleito pelo PMDB.

 

"O sumário consta tradução. Por que consta tradução? Eu não sei nem quem fez. É a Polícia Federal quem vai apurar. Será que aqui ia vir uma outra carta, será que não vinha, o que é, o que será, eu não sei, está aqui. Agora, o que está aqui e o que eu recebi, não é tradução, são duas cartas distintas dirigidas a pessoas diferentes, com conteúdos diferentes, alguns aspectos iguais", afirmou Cardozo.

 

Veja a reportagem logo abaixo (se necessário, clique com o botão direito do mouse e selecione tocar/executar/reproduzir):

 

 

Com informações do Jornal Nacional

 

 

 

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