"Em 2014 vai ter Polícia Militar dentro dos estádios", afirma o secretário de Segurança Pública de Santa Catarina

Data: 13/12/13

Pela primeira vez depois das cenas de barbárie que correram o mundo, no jogo entre Atlético-Paranaense e Vasco, no domingo, dia 8, em Joinville, o secretário de Segurança Pública, César Augusto Grubba, falou com a imprensa, em entrevista exclusiva ao DC. Embora não tenha admitido literalmente um possível erro de avaliação por parte da Polícia Militar em não fazer o policiamento dentro da Arena, Grubba afirmou, nesta quarta-feira, dia 11, que a PM estará nos estádios, em 2014, em Santa Catarina.

Diário Catarinense - Torcidas organizadas arquirrivais, jogo que valia rebaixamento e vaga na Copa Libertadores, Atlético-PR proibido de jogar em seu Estado por brigas de torcedor, proibição da Fanáticos (PR) de não levar mulheres nem crianças para Joinvillle. Provocações e nas ruas da cidade, antes do jogo, e em frente ao estádio. Apenas 90 seguranças particulares desarmados. Por que a PM não agiu preventivamente sabendo que o jogo era um barril de pólvora?

César Grubba - Essa pergunta tem que ser feita para o operacional da Polícia Militar, o porque não agiu preventivamente. Tem que ser feita para o comando local da Polícia Militar que tinha a obrigação de garantir a ordem pública.

DC - A PM tinha conhecimento do perigo daquele jogo. O senhor acha que a PM subestimou os riscos e tratou uma sugestão do Ministério Público como uma determinação legal?

Grubba - Veja bem, isso é uma pergunta concreta. Depende da análise da Polícia Militar no local dos fatos. Se tinha conhecimento ou não, se devia ter entrado no estádio ou não, se devia ter acatado a determinação do Ministério Público ou não. Importante destacar que a Polícia Militar está presente na sociedade, no Estado, para garantia da integridade física das pessoas, principalmente. Onde ela deve estar? Onde há possibilidade de haver conflito, tumulto, dentro do estádio ou fora. Se o problema está dentro do estádio, ela tem que estar dentro do estádio. Até porque não existe proibição da PM de estar dentro do estádio. Inclusive dentro do próprio Ministério Público de SC não existe uma unanimidade de orientação, de pensamento com relação à PM estar dentro do estádio ou não. Concordo que um jogo de futebol é um evento privado, onde se cobra ingresso que visa lucro, mas é um evento privado/público porque lá estão cidadãos, famílias, crianças, pessoas de bem que vão ao jogo. Lamentavelmente também vão pessoas de torcidas organizadas, não para ver o jogo ou torcer para o time, mas para criar tumulto, praticar a barbárie. São crimes graves. Essas pessoas tem que ser proibidas de entrar em estádios de futebol. Elas tem que ser punidas severamente. Se a PM entende que para garantia da ordem pública ela tem que estar, diante dos fatos, dentro do estádio, ela tem que estar dentro do estádio.

DC - O senhor acha que a PM devia estar dentro do Arena Joinville, no domingo

Grubba - As informações que se tem é que o comandante local (tenente-coronel Adilson Moreira) atendeu a orientação do Ministério Público, quer dizer, do Ministério Público não, do promotor de Joinville (Francisco de Paula Neto) como uma proibição de estar dentro do estádio, de estar só do lado de fora.

DC - Mas a orientação do MP nem sequer havia sido analisada por um juiz.

Grubba - Eu concordo com você, mas foi o entendimento do comando local. Para isso pedi ao comandante-geral da PM (coronel Nazareno Marcineiro) para instaurar uma sindicância interna para apurar a ação da PM e eventuais responsabilidades.

DC - O senhor acha que, num primeiro momento, pelo que se viu, ele (comandante Moreira) teve uma avaliação equivocada?

Grubba - Eu não queria antecipar juízo de valor até porque tem a sindicância que eu determinei a abertura. Volto a repetir, a Polícia Militar tem que estar presente no local para garantia da ordem pública, se é fora do estádio ou dentro, não importa.

DC - Então ela tinha que estar presente dentro do estádio em Joinville?

Grubba - Veja bem, o que está se tentando fazer pelo o que eu vejo da leitura dos fatos é que se está tentando jogar o bode no colo do Ministério Público e da Polícia Militar. Mas os atores são diversos, não tem só esses dois. A responsabilidade é de todos, inclusive do que perdeu o mando de campo,  (Atlético Paranaense), foi lá para Joinville e alugou aquela arena para o jogo também tem responsabilidade, a prefeitura também. A questão da segurança do próprio estádio, que o Ministério Público pediu a interdição porque não oferece segurança necessária. O próprio Estatuto do Torcedor prevê que em havendo necessidade, os dirigentes solicitarão ao poder público, no caso a Polícia Militar, que dê as garantias necessárias. Importante frisar que o conceito Fifa para a Copa e que agora querem rever, é segurança privada dentro e Polícia Militar fora dos estádios.

DC - O senhor é a favor do conceito Fifa?

Grubba - Sou a favor que o cidadão tenha segurança. Se a segurança privada consegue manter dentro dos estádios a ordem e a preservação da integridade física das pessoas, tudo bem. Mas se não tem possibilidade e a gente sabe que muitas vezes o cidadão só obedece quando vê aquela pessoa fardada na frente dele, e sendo necessário a Polícia Militar dentro dos estádios, a Polícia Militar vai estar dentro dos estádios. Outra coisa, esse destaque que estão dando para esse episódio grave, outros episódios muito mais graves ocorrem às dezenas em outros estados, no Brasil como um todo. Me parece que só nesse ano foram 30 mortes em confronto com torcidas organizadas dentro e fora dos estádios. Nenhuma em Santa Catarina.

DC - Se o senhor fosse levar seus familiares para assistir ao jogo de domingo, em Joinville, o senhor iria querer que a PM estivesse lá?

Grubba - Se eu fosse levar minha família, gostaria de ter a garantia da segurança dentro do estádio.

DC - Se o MP entende que não pode polícia no estádio Arena Joinville, então não poderia em nenhuma cidade porque o MP é estadual e a PM também.

Grubba - Não é uma normativa do Ministério Público de Santa catarina. Ali foi uma posição do promotor de Joinville e existe muitas outras opiniões de colegas do Ministério Público contrárias aquela, que entendem que a Polícia Militar deve estar dentro do estádios para garantir a segurança dos ciodadãos.

DC - Mas o promotor está promotor, e o MP é um só.

Grubba - Sim, o MP é um só, mas não existe por parte da cúpula do MP, da Procuradoria-Geral uma orientação, uma norma para todas as promotorias do Estado. Não tem essa normativa.

DC_Ano que vem serão três times na série A: Chapecoense, Figueirense e Criciúma...

Grubba - Pena que não serão quatro, pena que o Avaí não está junto (risos).

DC - Teremos o Campeonato Catarinense e ao mesmo tempo o Congresso das Copas com delegações e chefes de Estado ou seus representantes do mundo todo. Vai ter ou não Polícia Militar nos estádios em 2014, em SC?

Grubba - Sim, vai ter, vai ter. Onde for necessário a Polícia Militar dentro dos estádios para garantir a segurança e integridade do cidadão, ela vai estar lá presente.

DC - Os torcedores poderão levar seus filhos com tranquilidade?

Grubba - Sim, com tranquilidade. É claro que isso não significa dizer que a PM vai estar lá dentro e não vai acontecer nada. Nós temos exemplos de outros jogos, em outros Estados também, que a PM está dentro do estádio e o tumulto ocorre igual. Aí, claro, ela está ali para debelar os infratores e conter em flagrante essas pessoas que praticam atos de barbárie.

DC - Confirmado então a PM nos estádios. A sociedade se sente mais segura com a PM, não é?

Grubba - Com certeza.

DC - Então deveria ter tido PM domingo no jogo em Joinville?

Grubba - (risos).

DC - Alguma outra medida para segurança nos estádios ano que vem?

Grubba - Estamos elaborando uma orientação para os comandos regionais e de batalhão com relação aos jogos, de como proceder, técnicas.

DC - O senhor está há quatro dias sem se pronunciar sobre o assunto. Por que o senhor demorou tanto tempo para falar de um episódio que o mundo inteiro está falando e que arranhou a imagem do Brasil e por tabela de SC, principalmente a seis meses da Copa?

Grubba - O fato de eu não me pronunciar não significa dizer que a Segurança não se pronunciou. O comandante-geral se pronunciou, o comandante local, e o delegado regional de Joinville também. Várias pessoas da Segurança se pronunciaram.

 

 

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