Índice oficial sugere queda de eficiência em ações da PF

Data: 04/01/14

 

A produtividade da Polícia Federal caiu entre 2010 e 2012. Dados das 27 superintendências do país encaminhados à direção geral da instituição mostram que houve redução nas apreensões de cocaína e inquéritos concluídos nesse período.

 

As informações foram publicadas em um boletim de serviço da PF em 3 de dezembro passado. O documento, que foi obtido pela Folha, circula apenas na rede interna da instituição.

 

Nele, o diretor de investigação e combate ao crime organizado, delegado Oslain Santana, detalha estatísticas das superintendências entre 2008 e 2012, e traz a classificação no IPO (Índice de Produtividade Operacional).

 

Retração decorre de nova estratégia, afirma instituição

 

O indicador foi criado em 2013 para medir a eficiência policial e leva em conta três itens: as atividades operacionais, as não operacionais e as características geográficas.

 

Com isso, a PF deixou de medir a produtividade policial apenas com base em números de prisões, apreensões e inquéritos, como é feito em outros países.

 

Os três itens compõem a nota final, que vai de 0 a 10. As atividades operacionais têm peso 0,7 e incluem números como os de inquéritos concluídos, operações, prisões e apreensões de drogas.

 

As atividades não operacionais têm peso 0,2 e reúnem informações sobre total de passaportes emitidos no Estado, passageiros que circulam por portos e aeroportos e número de estrangeiros residentes, entre outros.

 

O item de menor peso é o de características geográficas: 0,1. Nele são consideradas informações sobre os Estados como população, número de municípios, se têm fronteiras e se há reservas indígenas, por exemplo.

 

Obter uma boa classificação no IPO ajuda a superintendência a conseguir mais recursos. O índice é um dos parâmetros que o Ministério da Justiça e a direção da PF adotam para determinar a distribuição de verbas.

 

CRÍTICAS

 

Editoria de Arte/Folhapress
                    

 

A mudança na metodologia do cálculo, ocorrida no ano passado, tem sido criticada por entidades de classe.

 

"Isso parece um trabalho de maquiagem. Em todos os países, quando se fala em eficiência policial se leva em conta a quantidade de prisões, de condenações e o que é devolvido aos cofres públicos. Parâmetros objetivos e não fórmulas matemáticas que escondem isso", diz Renato Figueiredo, diretor da Federação Nacional dos Policiais Federais.

 

Para os delegados federais, o índice avalia todas as vertentes e não apenas as ações da polícia nas ruas.

 

"Não dá para dizer que a produtividade caiu. O que se está fazendo é mudar a forma de trabalhar. Antes, para cada fraude na Caixa Econômica Federal, abríamos um inquérito. Hoje, fazemos um só para a organização criminosa", explica o delegado Carlos Sobral, diretor da ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal).

 

Os índices mostram uma mudança na curva das estatísticas a partir de 2010.

 

O crescimento no número de operações policiais e de prisões, que vem desde 2008, é mantido, mas há retração na conclusão de inquéritos.

 

A mudança na tendência dos números ocorreu após a saída do delegado Luiz Fernando Corrêa, que deixou a direção da PF em 2010 para assumir a coordenação de segurança do COL (Comitê Organizador Local) das Olimpíadas do Rio.

 

Em seu lugar assumiu o delegado Leandro Daiello, então superintendente em São Paulo. A posse de Daiello coincide com o início da discussão entre delegados e agentes por melhores salários e mudanças na carreira.

 

A crise culminou com uma greve de 97 dias em 2012, que influenciou nas estatísticas.

 

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