Após quatro meses de denúncia, aeronave da PF ainda está inutilizada
Data: 08/01/14
Virou o ano e a Polícia Federal (PF) ainda não tem pilotos com capacitação específica para comandar o helicóptero Agusta Westland AW139. Em setembro do ano passado, o Correio denunciou que a aeronave, comprada há um ano e oito meses por R$ 28,9 milhões para ser utilizada em missões policiais, nunca levantou voo. Na época da denúncia, a Polícia Federal afirmou que o curso de capacitação dos pilotos duraria 30 dias. Quase quatro meses depois, ainda não existe uma data para que o equipamento seja utilizado. Por não sair do chão, o AW139 virou piada e é chamado por agentes da PF de paralelepípedo .
O contrato de manutenção da aeronave, imprescindível para que o helicóptero entre em operação, também não foi assinado. No ano passado, a Polícia Federal utilizou o argumento de que só poderia firmar o contrato após o recebimento oficial da aeronave. A instituição é impedida legalmente de pagar pela manutenção de um bem que oficialmente ainda não lhe pertence , justificou em setembro. No entanto, de acordo com a própria instituição, o AW139 foi recebido oficialmente em outubro de 2013.
Em resposta encaminhada na segunda-feira ao Correio, a divisão de Comunicação Social da PF ressaltou que a compra de uma aeronave do porte da Agusta Westland AW39 não se assemelha à de outros equipamentos que são entregues imediatamente . O helicóptero chegou ao Brasil em maio do ano passado e permaneceu inicialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo para atendimento das exigências da autoridade reguladora da aviação civil no Brasil. Durante esse período, de acordo com a PF, a responsabilidade em relação à aeronave era da empresa fornecedora.
O AW139 chegou ao hangar da PF em Brasília em 9 de setembro do ano passado. Entretanto, o recebimento oficial da mesma somente poderia ocorrer após o voo de aceitação e recebimento, bem como posterior checagem de que todos os itens contidos em contrato tenham sido cumpridos. A aceitação oficial do helicóptero ocorreu em outubro de 2013 , alegou. Desde então, o equipamento, apesar do alto investimento, permanece parado.
Treinamento
Em relação à preparação dos pilotos, a Polícia Federal forneceu, quatro meses depois, praticamente igual a informação que havia prestado em setembro do ano passado. É imprescindível que os mesmos (pilotos) sejam capacitados para pilotarem especificamente essa espécie de aeronave. Eles já passaram por treinamento de voo por instrumento conhecido como IFRH, pré-requisito para o treinamento específico para operar a aeronave, após contrato específico assinado em 7 de março de 2013 , salientou. A PF informou que iniciou os procedimentos necessários para a contratação da empresa que será responsável por realizar a capacitação. A aeronave somente voará com os pilotos devidamente capacitados , alega.
No entanto, não existe previsão para assinatura do contrato. A Polícia Federal não detalhou em que fase está o processo de licitação para que os pilotos sejam devidamente capacitados. Também não forneceu informações em relação ao contrato de manutenção.
Inicialmente, a corporação pagou apenas 40% do valor da aeronave. Os outros 60% só foram quitados após o recebimento oficial. O Departamento de Polícia Federal assinou o contrato número 14/2012, em 14 de maio do ano passado. O pregão presencial ocorreu em 16 de dezembro de 2011. A aeronave é utilizada normalmente para transporte de pessoas e equipamentos. Comercialmente, é bastante usada para levar funcionários às plataformas de petróleo em alto-mar. O AW139 tem capacidade para levar até 15 pessoas e atinge velocidade máxima de 310 quilômetros por hora. Tem autonomia de 1.250 quilômetros e a altitude máxima de operação é de 20 mil pés.
Modelo complexo
O modelo é utilizado por vários países do mundo, a exemplo de Suécia, Bulgária, Panamá, Rússia e EUA. É uma aeronave complexa e, comercialmente, bastante utilizada no Brasil nas plataformas de petróleo do Rio de Janeiro. Com capacidade para transportar até 15 pessoas, o equipamento atinge uma velocidade máxima de 310 quilômetros por hora. Atualmente, a Polícia Federal utiliza helicópteros modelos Esquilo e Bell 407, aeronaves de menor porte.
» Modelo
AgustaWestland AW139
» Preço
R$ 28,9 milhões
» Motor
Biturbina
» Capacidade
15 pessoas
» Peso máximo de decolagem
6.800kg
» Velocidade máxima
310km/h
» Autonomia
1.250km
» Altitude máxima de operação:
20 mil pés