Inflação no Brasil: um assunto delicado

Data: 20/01/14

 

O pavor da inflação, uma espécie de assombração brasileira, foi tema de uma reportagem da revista Economist nesta quinta-feira, 16. Além do óbvio custo econômico da desvalorização do real frente ao dólar (a moeda brasileira fechou o ano um terço abaixo do patamar registrado há três anos, quando Dilma assumiu a presidência), a revista lembra que a alta da inflação também representa um fardo político capaz de “eleger ou derrotar um governo”, uma frase de efeito do senador tucano Álvaro Dias pinçada pela revista inglesa.

O temor da volta da inflação descontrolada no Brasil não é infundado, diz a revista.  A maioria dos adultos brasileiros lembra a era da hiperinflação no início dos anos 1990, quando lojistas ajustavam os preços de suas mercadorias a cada manhã e o faziam novamente à tarde.

Na última sexta-feira, 10, o IBGE constatou que a inflação subiu 0,92% em dezembro, a maior alta mensal em dez anos. Com isso, a inflação fechou o ano avançando 5,91%, número acima do esperado por analistas e superior aos 5,84% registrados em 2012. O salto fez o Banco Central elevar em meio ponto percentual, para 10,5%, a taxa básica de juros nesta quarta-feira, 15.

Para acalmar os ânimos, o presidente do Banco Central Alexandre Tombini culpou o dólar forte e a alta no preço das commodities pelo avanço da inflação, mas o avanço dos alimentos também teve seu papel, assim como o crédito fácil, um mercado de trabalho pouco produtivo e gastos públicos exagerados.

Se não fossem algumas manobras do governo, a inflação já teria estourado o teto de 6,5% do Banco Central, diz a Economist, citando o consultor do banco de investimentos Nomura Tony Volpon. Preços controlados pelo governo (como o petróleo) subiram apenas 1,5% este ano, comparado ao avanço de 7,3% nos preços dos bens não regulados. Para Volpon, o governo não pode continuar a alçar as estatais com dinheiro público sem afundar as finanças públicas, e se as estatais não forem autorizadas a elevar seus preços, elas irão à falência.

O consultor prevê que a taxa básica de juros chegue a 10,75% neste outono, época das eleições. Com a alta dos preços e a Selic perto do que era quando Dilma assumiu a presidência, os eleitores se sentirão pressionados quando chegar a hora de ir às urnas em outubro.  A oposição já começa a se alvoroçar.

 

 

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