Dilma muda estratégia para enfrentar o descrédito com a economia

Data: 20/01/14

 

Até sair o resultado com o IPCA de 2013, que ficou acima do registrado em 2012, a presidente Dilma Rousseff defendia a política econômica de seu governo e bradava que “pelo décimo ano consecutivo, a inflação fecharia dentro da meta de 6,5%”. A questão é que a meta adotada pelo Brasil é de 4,5%, e a janela até os 6,5% existe para acomodar choques inesperados, não para eternizar os preços num patamar mais alto, como vem acontecendo nos últimos anos.

Em entrevista a emissoras de rádio de Minas Gerais na manhã desta segunda-feira (20), a presidente surpreendeu ao expor sua (nova?) opinião sobre o que se passa com a economia. Ao falar da inflação, a presidente declarou que o governo está fazendo “esforço enorme para fazer a inflação convergir para o centro da meta”.

Com a entrevista aos mineiros, fica claro que a estratégia da presidente mudou. Sob qual motivação? A mais óbvia é rebater a onda de descrédito que pesa sobre sua administração.

O outro empurrão veio do Banco Central. Ao elevar a taxa de juros para 10,5%, o Copom avisa aos navegantes de Brasília que o mar não está para peixe – ou que os peixes estão caros demais. A presidente tinha duas opções diante deste cenário: ou dava respaldo à decisão ou dava apoio à decisão.

Dilma abre a semana com discurso mais duro – e realista – sobre a economia e se prepara para enfrentar a avaliação sobre seu governo diante dos maiores líderes, empresários e representantes de governos do mundo – o encontro do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. O Brasil chega de cabeça baixa ao encontro. Será a primeira ida de Dilma ao reduto dos líderes da economia mundial e a data não coincide com nosso melhor momento.

Enquanto ela estiver a caminho da Europa, o IBGE vai revelar a inflação dos primeiros quinze dias de janeiro – o IPCA-15. O mercado espera alta de 0,82%. No mesmo dia, quinta-feira, sai a ata da última reunião do Copom – onde estamos e para onde vamos na visão dos diretores do BC. A resposta não está em Davos, certamente. A lição de casa é de inteira responsabilidade do Brasil.

Ps: como o “mundo não para” à espera das melhores escolhas para o Brasil, a OCDE acaba de apontar a carga tributária brasileira como a segunda maior da América Latina.

 

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