Inflação fica acima do esperado e BC diz que deve se manter vigilante

Data: 23/01/14

 

A inflação do país tem ficado "ligeiramente acima" do antecipado e, por isso, a política de juros deve se manter "especialmente vigilante", segundo o Banco Central (BC). A avaliação está na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC – que elevou, no dia 15, os juros básicos da economia para 10,5% ao ano –, divulgada nesta quinta-feira (23). Com isso, o BC indica que novas altas de juros não estão descartadas daqui para frente.

No ano passado, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e considerado a "inflação oficial" do país, somou 5,91%. Com isso, ficou acima do patamar registrado em 2012 (5,84%), contrariando a expectativa do presidente do BC, Alexandre Tombini. Ele declarou em diversas ocasiões, ao longo de 2013, que a inflação registraria queda frente ao patamar de 2012 – o que não aconteceu.

Para 2014, o mercado financeiro prevê nova alta da inflação. Segundo pesquisa do BC com economistas dos bancos, o IPCA deve ficar em 6,01% este ano.

 

 

Selic 10,50 matéria (Foto: Arte/G1)

 

Sistema de metas de inflação
Pelo sistema que vigora atualmente no Brasil, o Banco Central precisa calibrar os juros para atingir as metas preestabelecidas, tendo por base o IPCA. Para 2014 e 2015, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Desse modo, o índice pode ficar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida.

Estimativa de inflação subiu
O BC também informou, na ata do Copom, que sua projeção para a inflação de 2014 aumentou em relação ao valor considerado na última reunião, em novembro do ano passado.

Assim, a previsão permanece acima da meta central de 4,5%, tanto no "cenário de referência" (juros e câmbio estáveis) quanto no "cenário de mercado", que contempla a estimativa dos economistas dos bancos para câmbio e juros.

"Para 2015, em ambos os cenários, a projeção de inflação se posiciona acima da meta", destacou a ata do comitê.

Juros vêm subindo desde abril
Desde abril do ano passado, o Banco Central vem promovendo o aumento gradual da taxa básica de juros (Selic) da economia brasileira, para tentar conter a inflação. Naquela época, a Selic estava em 7,25% ao ano, e acabou sofrendo sete elevações consecutivas, até chegar aos 10,5% ao ano em janeiro. Ao todo, a alta dos juros, desde abril do ano passado, somou 3,25 pontos percentuais.

A expectativa do mercado financeiro é de um novo aumento dos juros no início de abril, quando a taxa Selic avançaria para 10,75% ao ano. Depois disso, a previsão é de novas altas em 2015. Para o fim do ano que vem, a estimativa dos economistas dos bancos é que os juros atinjam 11,5% ao ano.

 

Evolução do IPCA em 2013 (Foto: Editoria de Arte/G1)

 

Inflação acima do antecipado e ritmo de alta dos juros
O Banco Central também avaliou, na ata do Copom, que a elevada variação do IPCA nos últimos 12 meses contribui para que a inflação ainda mostre certa resistência. O BC acrescentou, ainda, que o IPCA "tem se mostrado ligeiramente acima daquele que se antecipava".

"Nesse contexto, inserem-se também os mecanismos formais e informais de indexação [sistema de reajuste de preços, como salários e aluguéis, de acordo com os índices oficiais de variação dos preços] e a percepção dos agentes econômicos sobre a dinâmica da inflação. Tendo em vista os danos que a persistência desse processo causaria à tomada de decisões sobre consumo e investimentos, na visão do comitê, faz-se necessário que, com a devida tempestividade, ele [esse processo] seja revertido. Dessa forma, o Copom entende ser apropriada a continuidade do ritmo de ajuste das condições monetárias ora em curso", informou a ata da última reunião do BC.

Alta do dólar pressiona preços
O Copom também manteve a avaliação de que a alta do dólar resulta em "natural e esperada correção de preços relativos". "Importa destacar ainda que, para o comitê, a citada depreciação cambial constitui fonte de pressão inflacionária em prazos mais curtos. No entanto, os efeitos secundários dela decorrentes, e que tenderiam a se materializar em prazos mais longos, podem e devem ser limitados pela adequada condução da política monetária", acrescentou o texto.

Gastos públicos
Além disso, o Banco Central manteve a avaliação de que o cenário central para a inflação leva em conta a materialização das trajetórias com as quais trabalha para as variáveis fiscais (gastos públicos), e que se criam condições para que, no horizonte relevante para a política monetária, o balanço do setor público se desloque para a "zona de neutralidade" – sem elevação de despesas pelo setor público.

"O comitê nota ainda que a geração de superávits primários [economia para pagar juros e manter a dívida pública em queda] compatíveis com as hipóteses de trabalho contempladas nas projeções de inflação, de um lado, contribuiria para arrefecer o descompasso entre as taxas de crescimento da demanda e da oferta; de outro, contribuiria para criar uma percepção positiva sobre o ambiente macroeconômico no médio e no longo prazo", informou o Copom.

 

Veja a reportagem logo abaixo (se necessário, clique com o botão direito do mouse e selecione tocar/executar/reproduzir):

 

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