Número de presos por tráfico de drogas aumenta 400% em sete anos

Data: 27/01/14

 

O tráfico de entorpecentes está entre um dos responsáveis pelo aumento da população carcerária do estado de Mato Grosso, como mostra o Sistema Integrado de Informações Penitenciárias (InfoPen), do Ministério da Justiça, que revelou que em sete anos o número de presos por tráfico aumentou quase 400%. A fragilidade nas fronteiras tem sido a principal vilã da segurança pública. Segundo o presidente do sindicato dos Policiais Federais no Estado, Erlon José Brandão, “as polícias não conseguem apreender nem 20% do que entra em Mato-Grosso”.

De acordo com o Grupo Especializado de Segurança de Fronteira (Gefron), pelo fato de o Estado fazer fronteira com a Bolívia, a cocaína e a pasta base de cocaína são as drogas mais apreendidas no estado. Em 2013 o grupo conseguiu apreender uma tonelada do entorpecente.

Porém, a falta de efetivo e até mesmo de interesse governamental foram apontados como responsáveis pela vulnerabilidade do Estado pelo sindicalista. A prova disso pode ser revelada pelos dados do próprio Departamento de Penitenciárias (Depen) que revelou que em 2012, já existiam 3,226 presos que cumprem pena por tráfico de entorpecentes, enquanto em 2005 eram apenas 660.

Em 2005 Mato Grosso tinha um pouco mais de 2 milhões de habitantes, para uma população carcerária de mais de 7 mil detentos. Já em 2013, o estado conta com 3 milhões de habitantes, para um grupo de 10,6 mil reeducando. Quando se trata do perfil desses presidiários, outro problema fica mais aparente. A grande maioria dos presos possuem entre 18 e 29 anos, sendo assim, os mais jovens.

Para Erlon o número de efetivo policial para atender as fronteiras no estado é “ridículo”. Ao todo, Mato Grosso possui 950 quilômetros de fronteira com a Bolívia. Sendo que dessas 750 são seca, de terra, e 200 são alagadas. São 28 faixas de fronteiras, conforme informou o comandante do Grupo Especializado de Segurança de Fronteira (Gefron), Wankley Rodrigues.

Para toda essa extensão, o estado conta com a segurança de apenas 45 agentes da Polícia Federal, que são distribuídos entre área administrativa, delegados, peritos, papilocopistas e outras funções. Já a Polícia Militar, do Gefron, possui apenas 90 homens atuando. Com as fronteira desguarnecidas, o presidente do sindicato da Polícia Federal endossou duras criticas aos governos Federal e Estadual.

“Pela constituição, as fronteiras são de responsabilidade da União, mas ela delega essas funções ao estado, por isso existem grupos como o Gefron. Porém, já se pode ver como o governo não tem interesse nenhum na segurança pública como se pode ver o número de efetivo é ridículo”, atacou.

O problema da guarda nas fronteiras já é antigo e abrange todo território brasileiro, como lembra Erlon. Em 1985, o Instituto Brasileiro de Geográfica e Estatística (IBGE) realizou uma pesquisa que revelou que o país precisava de 15 mil policiais federais para atender a nação. Quase trinta anos depois, o Brasil conta com 12 mil agentes federais. Em Mato Grosso são apenas 300, sendo que desses 150 atuam na sede em Cuiabá.

“Para se ter uma ideia, só na ponte da amizade são mantidos 200 homens. Aqui não existe fiscalização”, enfatiza Erlon. O sindicalista também denuncia que há muitas faixas de fronteiras desassistidas, como os municípios de Vila Bela da Santíssima Trindade, Comodoro e Pontes e Lacerda, segundo ele, deveria existir delegacias federais nos locais.

A região de Cáceres é considerada uma das regiões mais delicadas, apesar de no município existir delegacia da Polícia Federal. “Em Cáceres existem muitos locais que facilitam a entrada de drogas no estado. São fazendas dão acesso à Bolívia e muitas outras saídas. A droga que é presa pela fiscalização não é nem 20% do que entra”, afirma Erlon.

 

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