Violência urbana: existem culpados?

Data: 04/02/14

 

Não sou policial militar do Distrito Federal e na verdade, acho que nem deveríamos ter policias sob regimes disciplinares e normativos vindos da doutrina militar, simplesmente porque esses princípios servem para orientar uma guarnição de homens para lutarem em guerras, onde o oponente é um inimigo que deve ser aniquilado. Mas, a despeito disso, precisamos encarar com mais consciência as ondas de violência que vem, lastimavelmente, assolando o pais:


-Primeiro, a dita “Operação da Tartaruga” NÃO É a principal responsável pela  violência no DF, e se de fato as demandas de classe daquele órgão começaram a ficar mais fortes no final do ano passado, a violência no DF vem aumentando vertiginosamente há mais de 10 anos....Existe um movimento que prevê o estrito cumprimento da lei e sinceramente, se há problemas de produtividade, o problema encontra-se na ESTRUTURA legal e institucional das polícias que NATURALMENTE engessam as atividades.


-Segundo, os ataques aos ônibus em centros como São Paulo também precisam de uma analise mais aprofundada. Testemunhamos há mais de cinco anos ataques de facções criminosas comandadas de dentro de presídios, verdadeiros ataques terroristas a população civil e as policias. Reforçando,  não só as policiais, mas o Sistema Brasileiro de Segurança Publica esta falido: policias, presídios e alguns setores do judiciário, alem de problemas no código de processo penal são atualmente incapazes de enfrentar os quadros de insegurança no Brasil.  Diga-se de passagem, no ano passado quase acabaram também com o Ministério Publico com  a PEC 37.


-Terceiro, a grande mídia tem uma grande preocupação com a Segurança Pública neste ano, mas digo, ESPECIALMENTE NESTE ANO, porque sediaremos um grande evento internacional e não sejamos ingênuos que o foco deste setor será tentar encontrar soluções rápidas para o problema.  A Copa trará muito dinheiro para os meios de comunicação, entre outros setores, nada contra o lucro, mas acredito que as noticias veiculadas estão sendo superficiais e carecem de uma análise mais profunda.


Encaremos os números e os fatos: mais de 85% dos Inquéritos Policiais instaurados hoje em dia no Brasil são ineficazes, não resultam em nada, indo para os armários e gavetas da nossa estúpida estrutura burocrática. A divisão entre policiais estaduais , digo Policia Militar e Policia Civil , contribui também para a impunidade: imaginem a quantidade de informação que não é compartilhada entre as duas policias, o desperdício de recursos humanos e financeiros que é dispendido a cada ocorrência “mista”,quando um Policial Militar é “obrigado”a bater a porta de outra estrutura policial sem sequer ter certeza que o criminoso apresentado será devidamente autuado. Sim, por que mesmo em situação de flagrante , policiais militares precisam do “livre entendimento jurídico”das intituladas autoridades policiais que lavram o flagrante.  Também dependem desse parecer jurídico a liberação para que os investigadores posteriormente comecem a investigar.


Mesmo que imaginássemos que nossos gestores fossem os mais competentes do mundo, entregassem obras dentro do prazo e ofertassem serviços públicos de excelência,  o que está muito longe de ocorrer, seria no mínimo incoerente responsabilizar uma classe de policiais que não manda, não coordena e não chefia como os principais responsáveis pelas mazelas da segurança publica. É como responsabilizar os professores pela péssima educação básica no Brasil, ou os médicos pelo caos na saúde. Com as devidas dimensões, seria como culpar os pedreiros pela queda de um prédio.....

 

Excessos acontecem em manifestações de classe  devem ser regulados por toda a sociedade civil e os canais competentes, porem um olhar mais abrangente nos posicionará de forma mais inteligente nesse cenário. Longe de previsões apocalípticas e alarmantes, não devemos esperar ficar doente para cuidar de nossa saúde, tampouco esperar que qualquer ato de violência nos aflita para pensarmos na segurança. Fica a reflexão.

 

 

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