Agentes da Polícia Federal fazem algemaço pelo país por melhores salários

Data: 07/02/14

 

  • Manifestações ocorreram em Recife, Brasília e Rio; policiais também reclamaram das condições de trabalho


  • Sindicato diz que Ministério da Justiça ‘boicota’ agentes e dá aumentos a outras carreiras do órgão



Agentes da Policia Federal durante protesto na Praça Mauá, no Rio
Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

Agentes da Policia Federal durante protesto na Praça Mauá, no Rio Pablo Jacob / Agência O Globo

 

RECIFE, BRASÍLIA E RIO - Com faixas em protesto contra o sucateamento da Polícia Federal, agentes, escrivães e papiloscopistas fizeram nesta sexta-feira um “algemaço” no Rio, Recife, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília. A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) não divulgou um balanço das manifestações pelo país. O ato de hoje faz parte da mobilização para uma paralisação da categoria em 21 estados e DF para a próxima terça-feira.

 

No saguão do Aeroporto dos Guararapes, em Recife, Pernambuco. Os manifestantes reclamam que muitos policiais federais passaram em concurso com nível universitário, mas recebem como se fossem de nível médio e que estão com salários congelados desde 2009, quando receberam 3,4% de aumento.

 

- Esse protesto tem um simbolismo. Da mesma forma que os jogadores de futebol penduram as chuteiras, nós penduramos as algemas. Isso porque devido aos baixos salários, a Polícia Federal perde 250 agentes por ano no país. Isso equivale ao efetivo da Polícia Federal em Pernambuco - afirmou o presidente do Sindicato de Policiais Federais, Marcelo Pires.

 

Cerca de 30 policiais participaram do protesto. Eles jogaram algemas no chão, e exibiram faixas com dizeres como: “policiais federais penduram as algemas. Contra a desvalorização profissional e o sucateamento da Polícia Federal”. O protesto começou às 9h30m (10h30m em Brasília) e terminou no final da manhã.

 

Marcelo Pires informou que os policiais, com salário inicial de R$ 5 mil, querem equiparação com os valores da Abin (R$14 mil). Os policiais estão programando paralisações para os dias 11, 25 e 26 de fevereiro e para os dias 11, 12 e 13 de março. Para o sindicalista, o governo está retaliando a categoria por conta de investigações que incriminam petistas.

 

- Delegados ganham muito bem. Mas quem vai para a rua combater o crime organizado somos nós. Os delegados são prestigiados, enquanto nós, que vamos sempre à rua combater o crime organizado, somos tratados a pão e água. Só podemos pensar que o governo nos retalia porque somos nós que investigamos crimes que atingem pessoas do governo - disse Marcelo Pires.

 

No Rio, o “algemaço” ocorreu em frente à sede da Superintendência Regional da Polícia Federal, na Avenida Rodrigues Alves, na Praça Mauá. Organizado pelo Sindicato dos Servidores do Departamento de Polícia Federal no Estado do Rio de Janeiro (SSDPF/RJ), o protesto começou por volta das 11h, com agentes vestindo camiseta preta com a inscrição “SOS Segurança” em amarelo. Entre as reivindicações, os manifestantes reclamavam que agentes, escrivães e papiloscopistas da Polícia Federal estão há sete anos sem reajustes.

 

 

Em Brasília, policiais também ‘penduram’ as algemas

 

Em Brasília, os policiais federais também penduraram as algemas nesta sexta-feira, simbolicamente, em frente a sede da PF, em protesto por melhores salários e condições de trabalho. O ato reuniu cerca de 200 policiais com objetivo de chamar atenção da sociedade brasileira.

 

Segundo o diretor de comunicação do Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal, Anderson de Souza, o “algemaço“ realizado hoje é um “aviso “ao governo.

 

- É um aviso ao governo que nós não pretenderemos entrar em greve. Mas, se preciso for, os agentes estão prontos. Não queremos brincar de ser grevista, queremos o melhor para a sociedade – disse Souza.

 

Segundo ele, há quatro anos a categoria negocia com o governo. Ele comparou o salário inicial bruto de R$ 7,5 mil de um policial de início de carreira, como o salário inicial bruto, segundo ele, de R$ 12 mil de agências reguladoras e do Legislativo.

 

- Por R$ 7,5 mil o policial coloca sua vida em risco. Nós não gostaríamos de estar nesta situação. São quatro anos de negociação e não obtivemos resposta. Queremos um diálogo maduro. Hoje o Brasil está no momento de discutir sobre segurança, não apenas pela realização da Copa do Mundo, mas por tudo que acontece no país.

 

Souza criticou a informação de que os delegados da PF farão o trabalho dos agentes em caso de greve.

 

- O delegado não é preparado para fazer o trabalho do agente. Ele não tem o treinamento – afirmou.

 

O sindicato reclama que os policiais federais não têm uma lei orgânica que reconheça as atribuições deles. Eles criticam também os problemas com o planejamento de grandes eventos, como o da Copa do Mundo.

 

Procurada, a assessoria do Ministério da Justiça informou que questões salariais são de responsabilidade do Ministério do Planejamento. Já a assessoria da Polícia Federal informou que não se pronunciaria.


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