Policiais federais se acorrentam em Goiânia contra 'boicote' do governo

Data: 07/02/14

 

Cerca de 50 agentes federais, entre policiais, escrivães e papiloscopistas, protestaram na manhã desta sexta-feira (7), na sede da Polícia Federal, em Goiânia. A categoria afirma que é vítima de um “boicote” do governo federal e, como ato simbólico, se acorrentou em frente ao prédio e pendurou as algemas. Os agentes também reivindicam a reestruturação da carreira e reajuste salarial.

Atualmente, 182 agentes federais atuam em Goiás. A manifestação ocorreu simultaneamente na sede da PF em Jataí, no sudoeste do estado, e em demais cidades do país.

Por enquanto, a paralisação no estado está prevista apenas para esta sexta-feira, mas os agentes pretendem fazer novos atos progressivos neste mês e em março. “O estado de greve já foi decretado em 21 estados e no DF. Se até lá nada for acordado, vamos sim paralisar os serviços por tempo indeterminado”, afirmou ao G1 o presidente do Sindicato dos Policiais Federais em Goiás (Sinpefgo), Adair Ferreira dos Santos.

Em Goiânia, os agentes penduraram faixas com os dizeres: “PF parada: Dilma, você é a culpada”, “Quem combate a corrupção, precisa de valorização” e “Mensaleiros presos. Qual o prêmio para os policiais federais? Sete anos de abandono”.

O G1 entrou em contato com o Ministério da Justiça, que é responsável pela Polícia Federal, mas não obteve resposta até a publicação desta resportagem.

O presidente do Sinpefgo disse que os serviços de inteligência realizados são monitorados de perto pelo governo e isso prejudica o andamento das investigações. “Existe um claro controle político sobre a atuação da PF. Em casos de apuração de atos de corrupção, os chamados ‘crimes de colarinho branco’, os agentes são obrigados a preencher formulários, informando quem são as figuras públicas alvos dos trabalhos. Isso refletiu em uma queda nas apurações”, destacou.

De acordo com dados apresentados pelo Sinpefgo, em 2007, o número de casos de corrupção constatados no país foi de 609. Em 2013, o índice caiu para 78. “Isso comprova que estamos sendo claramente impedidos de exercer nossas funções”, diz Santos.

Reajuste salarial

Segundo o presidente do sindicato, a categoria está há sete anos sem reajuste salarial e falta reestruturação da carreira. “A nossa perda salarial já é de quase 50% nesse período. O governo ofereceu um reajuste de 15%, parcelado em três vezes, mas isso não é suficiente. Sem contar que os profissionais se sentem desvalorizados e, quando não se aposentam, usam a PF como trampolim para outras carreiras”, ressaltou.

O agente da PF Carlos Merg, que atua na corporação há mais de 30 anos, diz que na última década as dificuldades aumentaram para a categoria. “Muitos agentes estão descontentes e acabam saindo para outras funções. Ninguém entende que o trabalho que realizamos é importante para diversas camadas da sociedade e que os profissionais merecem ser valorizados. Um estado do tamanho de Goiás ter menos de 200 agentes, é uma vergonha”, destacou.

Santos diz que os agentes federais devem fazer um novo ato, na tarde desta sexta-feira, no Aeroporto Santa Genoveva. “Faremos a panfletagem e mostraremos para a população o descaso com a categoria, que realiza um trabalho importante para combater atos de corrupção. A falta de atenção com a categoria é considerado um castigo exatamente por descobrir ações que abalaram o Poder Executivo nos últimos anos.”

 

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