Agentes federais penduram algemas contra falta de estrutura que pode comprometer segurança na Copa

Data: 10/02/14

 

A exemplo de policiais federais de outros estados, os escrivães, papiloscopistas e agentes (EPAs) lotados em unidades do Rio de Janeiro aderiram ao chamado “algemaço” com ato realizado nesta sexta-feira, dia 7, em frente à sede da Superintendência Regional, na Praça Mauá. Foi mais um protesto nacional contra o boicote do Governo Federal à categoria, que mantém o estado de greve, indicativo de que pode parar a qualquer momento, caso as negociações não avancem. Na terça-feira, 11, tem paralisação de 24 horas, com o Sindicato dos Servidores do Departamento de Polícia Federal no Estado do Rio de Janeiro (SSDPF/RJ) organizando a panfletagem nos Aeroportos Internacional e Santos Dumont.

No Rio, o “algemaço” aconteceu às 12h e contou com a adesão de cerca de 80 policiais que, vestindo camisetas pretas com a inscrição “SOS Segurança” em amarelo, penduraram suas algemas em uma corrente fixada entre duas árvores, na frente da entrada principal da Superintendência. E não pararam por aí. Comeram pizza para ressaltar a máxima de que “no Brasil, muita coisa acaba em pizza”.

Nacional – O “algemaço” foi o primeiro ato público do Calendário de Mobilização 2014, definido no fim de janeiro pela Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) e o Conselho de Representantes dos Sindicatos. Como desdobramento, a Comissão de Mobilização fez carta aberta a ser panfletada nos aeroportos do Rio. “A ideia é fazer com que a população entenda o nosso movimento que, mais do que salário, busca condições de trabalho, para assim voltarmos a promover a segurança”, resume André Vaz de Mello, presidente em exercício do SSDPF/RJ.

A luta dos EPAs se arrasta há cinco anos, com denúncia da falta de estrutura e de condições de trabalho, em manifestações diferentes e até bem humoradas que visam alertar as autoridades e chamar a atenção da sociedade para a série de problemas que enfrentam há anos. Uma das consequências do boicote praticado pelo Governo é a falta de estrutura e de efetivo, o que compromete a segurança na Copa do Mundo, motivando os policiais a pendurarem, literalmente, suas algemas.

Desvalorização – Há décadas sem uma lei orgânica que reconheça suas atribuições que exigem formação acadêmica, agentes, escrivães e papiloscopistas são hoje os únicos cargos públicos que, na história do Brasil, amargam um congelamento salarial de sete anos. As perdas inflacionárias já acumulam uma deterioração superior a 40%. Um dos efeitos mais sensíveis desse sucateamento salarial é exatamente a desvalorização da carreira de EPAs, anteriormente muito reconhecida, mas agora desvalorizada em relação às demais.

Os agentes ressaltam que optaram por entrar para a PF não só por salário, mas pela estrutura, pelas boas condições de trabalho, pelo respeito que a Instituição oferecia.  “Mas a situação mudou. Muitos ingressam provisoriamente nessas carreiras de EPA e continuam estudando para concursos de outras carreiras que também exigem formação acadêmica, mas não são depreciadas pelo atual Governo”, destaca Vaz de Mello.

Dados – Estatísticas oficiais do Ministério do Planejamento demonstram a impressionante queda no número de agentes federais no país ao longo de 2013, após a realização de um concurso para 500 novas vagas. Somente no ano passado, 230 agentes desistiram da profissão ou se aposentaram. Também segundo dados do Ministério, existem cerca de três mil cargos policiais autorizados por Lei, mas ainda não ocupados na PF. “Precisamos urgente de uma política de Segurança Pública que valorize os servidores que combatem o crime organizado, o tráfico de drogas, armas e a corrupção no país”, alerta Hildebrando Leite, integrante da Comissão de Mobilização.

Carta aberta à população

Polícia Federal na UTI

Próximo do Carnaval, e em vias de realizar a Copa do Mundo, os Agentes da Polícia Federal vêm a público manifestar a sua preocupação com a insegurança que afeta profundamente a população, considerando que, até o presente momento, o Governo Federal não solucionou as questões que atingem negativamente o trabalho dos policiais.

Com as fronteiras abertas, os aeroportos fragilizados e a insegurança dominando as ruas e o mundo, a sociedade clama pelas soluções que os policiais reclamam, inclusive, com grande preocupação internacional, como se vê nas manchetes da imprensa mundial, que aponta para riscos na vinda de estrangeiros ao Brasil.

Os governantes são eleitos pela vontade do povo e a ele devem prestar satisfação sobre o seu mandato. Por isso, os Agentes da Polícia Federal, em nome da população brasileira, não só reivindicam, mas também exigem melhores e maiores condições para que os cidadãos vivam e transitem com segurança neste país.

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