Associação de delegados assume fragilidade das Administrações Regionais

Data: 13/02/14

 

Um ofício da associação de delegados da Polícia Federal tem causado polêmica nas redes sociais. E a Fenapef retardou um pouco sua manifestação, pois aguardou a confirmação da veracidade do documento, que foi inicialmente questionada, devido aos erros básicos de ortografia e trechos comprometedores para os seus próprios associados.

 

Notadamente, o objetivo principal do ofício da citada associação foi tentar denegrir o movimento sindical e cultivar a insegurança e o medo, ao fantasiar uma suposta violência nas manifestações dos grevistas. Afinal, um dos históricos mecanismos da horrenda gestão exercida na Polícia Federal sempre foi a ameaça por meio dos processos disciplinares, que sempre serviram como meios de perseguição política, quem sabe num pensamento herdado da ditadura militar.

 

Mas como dizer que existe violência quando se observa um show de criatividade e cidadania que tem sido realizado por policiais federais do norte ao sul do país? O que causa bastante preocupação, e deve ser debatido exaustivamente, é a entidade representativa dos delegados da PF assumir a incapacidade de exercício de autoridade dos seus representados, principal causa da péssima gestão que agravou a crise institucional do órgão nos últimos anos.

 

Em tempos de outrora, como tática para desmoralização do movimento sindical, várias foram as tentativas de tachar os dirigentes sindicais como radicais ou desagregadores. Porém, com a evolução do modelo sindical, hoje é fomentado o debate e o diálogo com o Governo. E os discursos radicais foram substituídos por críticas técnicas e atos públicos de cidadania, que clamam pelo apoio da Sociedade contra a óbvia crise da Segurança Pública, que somente os setores mais confortáveis e acomodados da polícia não enxergam.

 

Apesar dos trechos considerados surreais pelos dirigentes sindicais, é interessante perceber que esse documento cita o principal problema da Polícia Federal: A CRISE DE AUTORIDADE. Um fenômeno que cresce, não pela fantasiosa insubordinação ou imaginária violência, mas por falta de legitimidade de chefes despreparados, que são incapazes de avocar as competências de seus subordinados, afinal, apropriam-se do trabalho intelectual dos demais. E, pior, encaram o desenvolvimento profissional dos demais cargos policiais como uma ameaça, e utilizam seus cargos de chefia para boicotá-los.

 

O documento divulgado pela associação dos delegados é a prova maior da falta de capacidade gerencial do bacharel em Direito, que não possui formação acadêmica em Administração. E de forma alguma isto significa uma ofensa ao cargo de delegado, que inclusive é representado pelos sindicatos da PF. Busca-se simplesmente o bom senso, pois é um absurdo a manutenção de um costume herdado da ditadura militar, em que somente delegados podem ser chefes.

 

Nossa Constituição Federal é clara ao definir o direito de associação e de reunião, e é enfatizada a ausência de armas como condição para a sua legalidade. Neste sentido, há anos é cumprida a diretriz sindical que orienta os policiais federais a participarem dos atos públicos, inclusive greves, sem portar armas.

 

A real motivação do citado documento provavelmente surgiu de mais um episódio em que se busca uma inversão de valores na PF, quando recentemente um delegado acelerou o seu carro de maneira agressiva contra manifestantes a pé, em protesto realizado em Brasília. Por muito pouco não ocorreu uma tragédia e, provavelmente, a citada associação tenta defender agora o motorista que se comportou de maneira violenta no trânsito, colocando a vida de várias pessoas em risco.

 

Mesmo nos atos simbólicos de entrega de armas, em protesto contra o descaso do Governo Federal, é observada com rigor a recomendação de que tais armas estejam desmuniciadas, sem oferecer qualquer perigo para a população. E cabe aqui a mínima capacidade de raciocínio para entender que, finalizada a manifestação ou ato público, é normal que os policiais voltem a portar suas armas, não só em defesa da sociedade, mas como autodefesa.

 

O porte de arma é instrumento do policial. É a sua ferramenta. Portanto, a administração da PF deve agir de forma racional, pois é natural o deslocamento armado dos policiais federais, antes e depois das manifestações.

 

Afinal, a obrigação de agir do policial federal é exercida através do seu porte de arma. Condição que nos mobiliza para as orações e solidariedade ao colega Marcelo Luís de Miranda, que permanece internado, pois reagiu heroicamente contra assaltantes em defesa de sua esposa e filha de 4 anos. Situação bem diferente da ocorrida quando policiais associados da citada entidade se portaram de maneira incomum diante de um assalto, justamente por não portarem armas (clique AQUI e AQUI para relembrar).

 

A solicitação de uso das Forças Armadas tem sido considerada vexatória entre a maioria dos policiais federais, e tem recebido críticas até de outros delegados, pois tal manifestação expõe uma espécie de declaração de incompetência, não só dos delegados que ocupam cargos de chefia, como do órgão como um todo.

 

A associação de delegados já emitiu outras manifestações consideradas polêmicas ou infelizes, a exemplo de quando ofendeu os ministros do Supremo Tribunal Federal (clique AQUI para relembrar). Outra lástima ocorreu quando a entidade defendeu a PEC 37 e sugeriu uma charge em que os promotores públicos de todo o país ilustravam a figura do diabo, conforme nota de repúdio publicada pela Procuradora da República Janice Ascari, em seu blog (clique AQUI para relembrar).

 

 

DIRETORIA DA FENAPEF

 

 

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