Polícia Federal faz 'vuvuzelaço' na Paulista e ameaça greve na Copa

Data: 24/02/14

Cerca de 150 policiais federais promoveram um “vuvuzelaço” em frente à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na avenida Paulista, nesta segunda-feira, em protesto pela reestruturação de cargos e salários de agentes, escrivães e papiloscopistas – categorias nas quais o piso salarial é de R$ 7 mil. É a terceira manifestação do tipo só este mês.

A escolha da Fiesp ocorreu porque o local sedia durante o dia uma reunião entre representantes da Fifa e do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014. Paralisados em São Paulo, hoje, e em todo o País, nesta terça e quarta-feira, os policiais federais ameaçaram hoje pela primeira vez, de forma mais enfática, paralisar os trabalhos durante o Mundial – cujo jogo de abertura está marcado para 12 de junho, em São Paulo.

De acordo com o presidente do sindicato dos funcionários da PF em São Paulo, Alexandre Santana Sally, a entidade vai entregar à diretora de relações institucionais da Fifa, Valentina Pomi, e ao gerente de operações de segurança do COL, Miguel Litoria, uma carta – em inglês e em português – “sobre aspectos de segurança relativos à PF”. A corporação foi convocada pelo governo federal a auxiliar no esquema de segurança para os jogos. Uma das atribuições da PF seria a escolta de seleções.

“Informamos a Fifa e o COL que o sistema está sofrendo um colapso e o governo tem tratado as negociações com descaso. Não achamos que seja atribuição de policial federal escoltar seleções, nem temos efetivo para isso”, declarou Sally, para quem, com “mais efetivo e treinamento adequado”, a PF aceitaria atuar como força auxiliar.

Greve durante a Copa "não está descartada"
Para o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Jonas Borges Leal, presente à manifestação na avenida Paulista, “não está descartada greve durante a Copa”.

 

 


“Temos cerca de 10 mil policiais federais, apenas, para todo o Brasil. Transferir o contingente para os grandes centros em função dos jogos é algo inviável. Não queremos prejudicar a sociedade, mas precisamos de policiais motivados”, disse. "E quando a ONU (Organização das Nações Unidas) fala da necessidade de desmilitarização, não é um contrassenso deixar policiais ou homens do Exército e da Força Nacional do lado de fora de estádios portando fuzis? Uma família se sentiria segura chegando para ver um jogo nessa situação? Acreditamos que não”, definiu.

Piso de agente é de quase 10 salários mínimos
Apesar de a paralisação não ter como pano de fundo os reajustes de salário, a reestruturação de carreiras implica em reajuste, uma vez que há atividades hoje para as quais é requerido ensino superior, na admissão, mas a natureza da folha é de ensino médio. Sobre o piso de R$ 7 mil –quase dez vezes o salário mínimo de R$ 724 --, o presidente do sindicato em SP argumentou: “E o salário de delegado da PF que hoje é de R$ 21 mil? E eles fazem um décimo do trabalho de um agente”, criticou.

 

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