Foliões reclamam de brigas, roubos e uso de drogas em carnaval no DF

Data: 05/03/14

O carnaval na área central do Distrito Federal não teve apenas diversão. Diversos foliões que acompanharam os blocos de rua disseram ter sido vítimas de furtos, assaltos e agressões. Testemunhas também afirmaram que houve confusão e venda e consumo de drogas.

Na terça-feira (4), o último dia de festa, foliões que seguiam os blocos Raparigueiros e Baratona disseram estar assustados com as brigas e o uso de entorpecentes.

Segundo a Polícia Militar, 25 mil pessoas participaram dos desfiles das agremiações, que se concentraram no Eixão Sul, em Brasília, e seguiram para a Esplanada dos Ministérios, onde aconteceu o Gran Folia. Os PMs que estavam no gramado acompanhando os grupos não foram suficientes para coibir agressões ou o tráfico e uso de drogas no local.

A Secretaria de Segurança Pública do DF informou que vai divulgar um balanço sobre casos de violência no carnaval apenas na manhã da quinta-feira (6). A PM informou que quem vai se pronunciar sobre o assunto é a secretaria.

 



Desde a concentração
Em uma das brigas na área onde os blocos se preparavam para o desfile, um jovem que inalava solvente de uma latinha e um grupo de rapazes discutiam e trocavam agressões. No momento da confusão, nenhum policial estava no local. O mesmo jovem continuou usando drogas e esbarrando em pessoas que se divertiam nas ruas.

A alguns metros dali, cinco adolescentes sentados no gramado vendiam entorpecentes. Os policiais militares que não estavam longe do local nada fizeram para coibir a ação do grupo.

 Na segunda-feira (3), pelo menos duas pessoas foram esfaqueadas durante o Gran Folia. Um jovem levou facadas no rosto e no braço, próximo à tesourinha do Banco Central, na altura das superquadras 202/402 Sul. A vítima foi levada para o Hospital Regional da Asa Norte.

Um pouco mais tarde, também no Gran Folia, outro rapaz levou várias facadas e foi levado para o Hospital de Base. Segundo a Secretaria de Saúde, o jovem foi ferido no fígado e teve de ser operado durante a madrugada. Na terça-feira, o quadro de saúde da vítima era estável.

Assustado com a violência nos blocos, um folião que não quis se identificar disse que presenciou várias agressões durante os dias de carnaval.

“O pai de um amigo meu de 65 anos foi roubado no domingo. Enfiaram um ferro na boca dele, ao lado do trio”, disse. “Ele foi filmar o trio elétrico com o celular quando tentaram roubá-lo. Ele reagiu e derrubou o menino. Ele não sabia que ele estava com outras quatro pessoas e apanhou bastante. O cordeiro ainda tentou afastar a confusão antes que a polícia chegasse.”

 O folião disse que o homem foi encaminhado para o hospital e passa bem. Com medo de sofrer represálias, a vítima não quis falar com a reportagem.

“Vimos muita gente apanhando. Chamei a polícia, tentei apontar todos que estavam com drogas e arrumando confusão, mesmo correndo risco”, disse. “Mas o contingente não era suficiente para conter as brigas.”

 A estudante Taís Stacciarini também teve o celular furtado no bloco do Galinho, na segunda-feira. Segundo ela, o aparelho estava guardando dentro da bolsa quando foi levado. "Tinha muita muvuca e confusão, então o contato e o empurra-empurra era inevitável. Eu estava com a bolsa no ombro e segurando nela firme, mas, com medo de perder da minha amiga, nos demos as mãos", disse.

"Quando saí da confusão, fui ver minha bolsa, pois eu estava preocupada. Foi aí que a vi aberta e sem meu casaco e celular. Fomos procurar uma policial e, quando relatei o ocorrido, ela apenas falou: ah, isso é normal, aí você vê se quer ir à delegacia ou não."

 

 



O titular da 5ª DP, Marco Antônio Almeida, disse que os bandidos se aproveitam de eventos com um grande número de pessoas para agir em bandos e furtar aparelhos celulares.

Almeida disse que duas mulheres foram presas e uma adolescente foi apreendida na Rodoviária do Plano Piloto na noite desta terça com quatro celulares furtados. Todos pertenciam a mulheres e foram apreendidos e restituídos às vítimas.

"Os homens praticam os roubos e as mulheres são responsáveis por guardar os objetos roubados", disse o delegado. "Assim ele confunde a vítima, porque ele passa o celular para o comparsa, que passa para uma mulher guardar. Quando ele é localizado e submetido a uma busca pessoal, nenhum objeto é encontrado com ele."

Segundo Almeida, o mais comum é que os aparelhos sejam arrancados das mãos das pessoas enquanto elas falam ao telefone.

De acordo com a Polícia Militar, 5 mil homens foram convocados para trabalhar nos dias de carnaval em todo o DF - 1,5 mil a mais que em dias comuns. Deste total, o efetivo nos blocos Baratona e Raparigueiro, no Eixão da Folia, foi de 372 policiais militares e cinco viaturas. No Gran Folia, o efetivo foi de 639 PMs e 39 viaturas.

 

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