Policiais federais de Goiás fazem paralisação e seguem para Brasília
Data: 13/03/14
Policiais federais realizam, em todo o país, uma nova paralisação para protestar contra as más condições de trabalho, pedir aumento salarial e denunciar um suposto “boicote” do governo federal contra a categoria. Nesta quarta-feira (12), 70% do efetivo dos agentes que atuam em cidades goianas aderiram ao movimento, segundo o Sindicato dos Policiais Federais em Goiás (Sinpefgo). Cerca de 50 policiais irão para Brasília, onde participarão de uma marcha na frente da sede do Ministério da Justiça.
A manifestação está marcada para as 13h30. “Vamos mais uma vez levar a público o caos enfrentado diariamente pelos policiais federais. Essa manifestação na capital do país será muito importante, pois unirá forças dos agentes do país inteiro”, afirmou ao G1 o presidente do Sinpefgo, Adair Ferreira dos Santos.
Atualmente, 182 agentes federais atuam no estado, divididos entre as bases em Goiânia, Anápolis e Jataí. Com a paralisação desta quarta-feira, cerca de 30% do efetivo segue trabalhando e os serviços prestados pela categoria, como a emissão de passaportes, são realizados parcialmente. “Os casos mais urgentes continuam a ser priorizados. No entanto, a greve paralisou 100% das investigações”, explicou Adair.
O G1 entrou em contato nesta manhã com o Ministério da Justiça, responsável pela Polícia Federal, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem.
De acordo com o presidente do Sinpefgo, entre os objetivos da categoria está deixar público que a burocracia imposta pelo governo federal tem atrapalhado a produtividade. “Os dados mostram isso claramente. Entre 2010 e 2013, o número de indiciados caiu de 1.351 para 499, uma significativa diminuição de praticamente 63% no número total de pessoas que foram investigadas”, destacou o sindicalista.
Adair diz que os serviços de inteligência realizados são monitorados de perto pelo governo e isso prejudica o andamento das investigações. “Existe um claro controle político sobre a atuação da PF. Em casos de apuração de atos de corrupção, os chamados ‘crimes de colarinho branco’, os agentes são obrigados a preencher formulários, informando quem são as figuras públicas alvos dos trabalhos. Isso refletiu em uma queda nas apurações”, destacou.
Reajuste salarial
Segundo o presidente do sindicato, a categoria está há sete anos sem reajuste salarial e falta reestruturação da carreira. “A nossa perda salarial já é de quase 50% nesse período. O governo ofereceu um reajuste de 15%, parcelado em três vezes, mas isso não é suficiente. Sem contar que os profissionais se sentem desvalorizados e, quando não se aposentam, usam a PF como trampolim para outras carreiras”, ressaltou.
No último dia 7 de fevereiro, os policiais fizeram uma manifestação na capital. Cerca de 50 agentes, entre policiais, escrivães e papiloscopistas, protestaram e, como ato simbólico, se acorrentaram em frente a sede da PF em Goiânia e penduraram as algemas.
O movimento foi repetido no último dia 25, quando 70% do efetivo cruzou os braços por 48 horas.