O câncer é uma doença que já se sabe muito sobre a sua evolução mesmo antes de se tornar uma doença que o indivíduo possa identificar através de algum sintoma ou de alguma alteração nos seus exames. Como na maioria das doenças crônicas o processo de adoecimento começa em um tempo passado que não se tem ainda como identificar por falta de tecnologia médica, mas que no futuro provavelmente se poderá saber.

Todas as doenças têm uma história natural que começa neste tempo remoto por pequenas modificações genéticas, bioquímicas ou histológicas, que por algum motivo o sistema de defesa do indivíduo não consegue reconhecer e reparar. Permanecendo estas alterações se dá o início da doença.

Nesta evolução, estas alterações progridem e temos a fase em que já há um processo patológico estabelecido, porém indetectável por qualquer meio diagnóstico. Este período pode ser maior ou menor, dependendo de inúmeros fatores, e na verdade ainda não pode ser quantificado.

Evoluindo, chega-se na fase da doença em que ela ainda não provoca nenhum sinal ou sintoma, ou seja, a pessoa é completamente assintomática, porém já há recursos diagnósticos que conseguem detectar estas alterações. É o que se chama a fase pré-clínica da doença.

Após isto, começam a aparecer os sinais e sintomas relacionados com a doença, que é a fase clínica da doença. Neste momento, utilizam-se métodos diagnósticos para fazer o diagnóstico diferencial e decidir pelo tratamento mais adequado.

Após o diagnóstico, com ou sem tratamento, o indivíduo evolui para a cura ou morte.

Por se conhecer este período de desenvolvimento do câncer, é que temos vários momentos para intervir preventivamente. O tempo de cada fase é diferente para cada doença, cada órgão acometido, por sexo, idade, entre outros fatores. Assim, a prevenção do câncer pode se dar em vários níveis.

O nível de prevenção primordial é quando se trabalha para que a pessoa não se exponha a um fator de risco. Orientação quanto a práticas sexuais seguras, evitar o início do tabagismo entre adolescentes e educação para uma alimentação saudável nas escolas são exemplos de prevenção primordial.

A prevenção primária se dá quando se promove a retirada de fatores de risco. Programas para parar de fumar, controle da obesidade e campanhas de combate ao sedentarismo são exemplos de prevenção primária.

A prevenção secundária é aquela que se dá quando um processo de adoecimento já está em andamento porém existe a possibilidade de se interromper ele precocemente. Rastreamento de câncer (screening) é um exemplo de prevenção secundária. Ao se detectar um câncer de mama no seu estágio inicial (quando ainda não pode ser diagnosticado através da apalpação e somente na mamografia) e tratar este câncer se está fazendo prevenção secundária. Diagnosticar e tratar neoplasia in situ de colo uterino é outro exemplo.

Já a prevenção terciária ocorre quando a doença já aconteceu, já foi diagnosticada através de seus sinais e sintomas, tratada e agora o que se quer é diminuir o dano causado por ela. Tratamentos fonoaudiológicos para pessoas que foram tratadas para câncer de garganta para recuperar a fala e a deglutição é um exemplo de prevenção terciária.

Porém, só na prevenção primária e primordial é que realmente está se prevenindo a doença. Nos outros níveis está se atuando depois da doença estabelecida.

E quais são estes fatores de risco para o câncer que se pode intervir para diminuir o risco de se desenvolver a doença?

- Tabagismo
- Sobrepreso e obesidade
- Dieta rica em alimentos industrializados, refinados e processados
- Sedentarismo
- Abuso de bebidas alcoólicas
- Exposição inadequada ao sol
- Sexo não seguro (sem proteção de barreira como camisinha)

Estes são os principais fatores de risco modificáveis de adoecimento. E a história familiar? Ter um familiar de primeiro grau (pais, irmãos ou filhos) aumenta o risco de ter câncer. Mas a história familiar a gente não muda. Mas a predisposição genética para o câncer também pode ser influenciada pelo nosso estilo de vida.

Então, mesmo com uma história familiar sugestiva de câncer hereditário, deve-se buscar um estilo de vida saudável que também neste caso o risco diminui.

Coma alimentos os mais naturais possíveis, quanto menos industrializado e refinado melhor.

Use os momentos do seu dia-a-dia para inserir atividade física. Ir à academia é bom, mas para prevenir o câncer é importante ser ativo fisicamente todo o dia. Vá a pé, suba escadas, arrume sua cama, ande de bicicleta com o seu filho no final do dia, passeie com o cachorro.

NÃO FUME e NÃO DEIXE FUMAR

Mantenha-se dentro do peso ideal para sua idade
Tome sol antes das 10 e depois das 16 horas
Limite sua ingestão de bebida alcoólica, principalmente as mulheres
Use camisinha nas suas relações sexuais
Conheça sua história familiar de câncer e comente com o seu médico
Vá ao médico regularmente, ele vai indicar os exames adequados para a sua idade
Não faça exames desnecessários, eles podem ser prejudiciais a sua saúde.

Conheça o seu corpo. Ele muda com os ciclos da vida. Procure um médico quando notar alguma coisa que pode ser uma doença: nódulos, sangramento, dor ou feridas que não passam. E seja feliz. Pessoas felizes adoecem menos e quando adoecem se recuperam melhor

AFINAL, CÂNCER SE PREVINE.

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