Maior crise vivida pela PF afeta trabalhos

Data: 11/04/14

O desempenho da Delegacia de Polícia Federal em Cascavel tem sido destaque desde a inauguração da sede em 2006, mesmo com as condições adversas. A unidade conta com aproximadamente 43 policiais para atender 67 municípios situados em região de fronteira, conhecida pelo alto índice de crimes relacionados ao tráfico de drogas, contrabando e descaminho.

O número insuficiente de efetivo e também a falta de estrutura não é exclusividade de Cascavel e sim da maioria das delegacias, inclusive de Guaíra e Foz do Iguaçu. Hoje o País conta com aproximadamente 12 mil policiais federais.

“Deveríamos ter no mínimo 16 mil. Em Foz do Iguaçu, no setor de imigração no aeroporto, temos apenas um agente e na Ponte Tancredo Neves nenhum”, exemplifica o presidente do Sinpef-PR (Sindicato dos Policiais Federais do Paraná), Fernando Vicentini. 

Ainda de acordo com o sindicato, a PF (Polícia Federal) no Paraná conta com aproximadamente 500 policiais, sendo que o número deveria ser três vezes maior. No País, o número de agentes é o mesmo há 40 anos. “Para dar conta de tanto trabalho, em Cascavel, Foz e Guaíra, os agentes trabalham cerca de 260 horas por mês”, relata Vicenti.

Além de tudo isso, o repasse de verba para a PF no Paraná está congelado, alerta: “a superintendência no Paraná teve perdas grandes de recurso devido a má gestão. A PF está desestruturada”.

Maior crise da história

Não bastasse o número reduzido de efetivo e falta de estrutura, há anos os policiais não recebem reajuste real de salário e não têm o reconhecimento das atribuições de nível superior. Tudo isso leva a instituição a maior crise da história, afirma o sindicato. 

Sem negociação durante todo o governo Dilma, agora a crise ganha um novo capítulo, depois que a ANP (Academia Nacional de Polícia), em Brasília, resolveu dispensar esta semana os instrutores do curso de formação que participaram de um protesto semana passada. Os instrutores não cantaram o hino e abaixaram as cabeças em sinal de luto a situação vivida pela instituição. (Veja o vídeo abaixo). O ato aconteceu na solenidade de comemoração dos 70 anos da PF. Devido a essa atitude, os envolvidos tiveram a função colocada a disposição para que retornem aos seus postos em suas cidades de origem. Embora pareça longe, a ‘represaria’ afeta todas as delegacias, inclusive Cascavel. “É um absurdo o que está acontecendo. Tem instrutores que estão há 12 anos dando curso. Todo mundo está desmotivado e revoltado com a atual situação”, diz um policial que atua na Região Oeste do Paraná.

Uma crise interna entre policiais e delegados prejudica ainda mais os trabalhos. Um agente que não quis se identificar diz que as investigações estão sendo prejudicados.

“Há essa briga com os delegados que administram, porque eles não apoiam o nosso reajuste. Eles nem ligam se está tudo parado. O governo ‘fechou’ com eles. Estão ganhando bem e o governo os apoia, pois assim os crimes de corrupção não são investigados”.

O Sinpef tem a mesma visão e garante que o governo não investe na reestruturação da carreira dos policiais porque não quer investigação. “O governo quer evitar que a PF tenha eficiência para investigar os crimes do ‘colarinho branco’. O Supremo Tribunal Federal também apoio tentando coibir que façamos greve”, ressalta Vicentini.

De acordo com informações repassadas por policiais em Cascavel, pelo menos 50% deles pensam em fazer outro concurso para entrar em outra instituição, tamanha a desmotivação da categoria.

“Quem perde com isso é a sociedade. Por ano, cerca de 200 policiais federais assumem outros concursos. Perdemos pessoal treinado, preparado e até formar outro leva tempo. Além disso, todo investimento no policial é perdido, mas a categoria não aguenta mais. Além de tudo há o assédio moral, uma pressão muito grande. Em 30 meses, 12 policiais cometeram suicídio; esse número é maior do que qualquer polícia do mundo. Não há dúvidas que esses casos de suicídios se devem a pressão sofrida”, explica Vicentini.

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