PPS quer ouvir Padilha na Câmara sobre suposta ligação com doleiro

Data: 25/04/14

O líder da bancada do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR), informou nesta sexta-feira (25), por meio de nota oficial, que irá protocolar requerimento na Comissão de Fiscalização e Controle para que o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha seja convidado a prestar esclarecimentos sobre suspeitas de que ele teria envolvimento com o doleiro Alberto Youssef.

 Documentos da Polícia Federal (PF) apontam indícios de que Padilha, que é pré-candidato ao governo de São Paulo, teria indicado, na época em que comandava a pasta da Saúde, um executivo para o Labogen, laboratório do doleiro que teria sido usado em esquema de lavagem de dinheiro. Youssef foi preso em março pela operação Lava Jato, da PF, acusado de ser um dos líderes de uma quadrilha que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões.

"Nada mais justo do que o ex-ministro [Alexandre] Padilha ter o espaço público da Câmara para se explicar. Aliás, essa não é primeira suspeita de irregularidade envolvendo a sua gestão. Há a questão dos contratos da área de saúde indígena, investigados por vários órgãos. Queremos ouvir suas explicações", escreveu Bueno no comunicado.

A Polícia Federal analisou o conteúdo de 270 mensagens trocadas de 19 de setembro do ano passado a 12 de março deste ano entre Youssef e o deputado licenciado André Vargas (PT-PR).

 Em uma das trocas de mensagens, em 28 de novembro do ano passado, a PF encontrou a citação ao nome de Padilha que, para os policiais, é possivelmente o ex-ministro da Saúde.

Na ocasião, segundo documentos da PF, André Vargas diz a Youssef que Padilha indicou um executivo para o Labogen, laboratório do doleiro que teria sido usado no esquema de lavagem de dinheiro.

- Vargas diz: "Achei o executivo".
- Youssef responde: "Ótimo, traga ele para nos reunirmos e contratarmos".
- Vargas responde: "Sexta ele estará aí. Dá o número do celular e fala que é Marcos, estará em São Paulo no dia seguinte ou segunda e que foi o Padilha que indicou".

Segundo o relatório da PF, "Marcos" é Marcuz Cezar Ferreira de Moura, coordenador de promoção de eventos da assessoria de comunicação do Ministério da Saúde na gestão de Padilha. Depois, Moura participou de reuniões na Labogen.

 A PF concluiu que existem "indícios que os envolvidos tinham uma grande preocupação em colocar à frente do Labogen alguém que não levantasse suspeitas das autoridades fiscalizadoras".

Nesta quinta (24), a assessoria do ex-ministro Alexandre Padilha divulgou nota na qual nega ter feito a indicação do executivo.

"O ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha repudia o envolvimento do seu nome e esclarece que não indicou nenhuma pessoa para a Labogen. Se como diz a Policia Federal, os envolvidos tinham preocupação com as autoridades fiscalizadoras, eles só poderiam se referir aos filtros e mecanismos de controle criados por Padilha dentro do Ministério da Saúde justamente para evitar ações deste tipo. A prova maior disso é que nunca existiu contrato com a Labogen e nunca houve desembolso por parte do Ministério da Saúde", diz a íntegra da nota.

André Vargas afirmou que não recebeu de Padilha nenhuma indicação e disse que responderá a todos os questionamentos "nos foros competentes". Segundo o deputado, "vazamentos seletivos e fora do contexto não podem servir a qualquer prejulgamento".

Deputados
A investigação menciona também o deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP). Em uma troca de mensagens de 25 de setembro passado, Youssef diz a André Vargas: "Achei que vc estivessse aqui na casa do Vacarezza". Vargas responde: "Tô indo;"

 Para a polícia, o doleiro Alberto Youssef mantinha relações com o deputado federal Cândido Vaccarezza, "inclusive indicando que houve uma reunião na casa do deputado, reunião esta entre Alberto Youssef, o deputado André Vargas e Pedro Paulo Leoni Ramos", ministro no governo Fernando Collor e diretor de uma empresa que é sócia oculta do Labogen.

Vaccarezza disse que conhece Pedro Paulo Leoni Ramos e Alberto Youssef, mas não tem relações de amizade com eles. O deputado também negou que tenha realizado na casa dele uma reunião com Vargas e os demais mencionados na investigação da PF.

O relatório sobre as mensagens trocadas entre o doleiro e o deputado André Vargas mostra que a rede de contatos deles chegou também à Caixa Econômica Federal por meio do Funcef, o fundo de pensão da Caixa, terceiro maior do país.

 Por mensagem, Youssef pergunta se pode falar em nome de Vargas em uma reunião no Funcef. O deputado responde que sim. A PF relata ainda que André Vargas tem um contato no Funcef: Carlos Borges, diretor de Participações Societárias e Imobiliárias, membro do conselho da Vale. Borges não foi localizado para comentar.

No relatório, a Polícia Federal demonstra a proximidade entre o doleiro e o deputado André Vargas, que  combinam caronas e até uma visita para tomar café na casa do parlamentar.

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