Policiais estrangeiros chegam para cooperar com a PF durante a Copa

Data: 09/06/14

Já estão no Brasil mais de 200 policiais de todos os países participantes da Copa do Mundo que vão atuar no programa de cooperação internacional da Polícia Federal para o evento. Neste domingo, o grupo se reuniu para palestras e credenciamento na sede da PF, em Brasília, e teve o primeiro contato com o centro de comando, de onde poderão acompanhar a movimentação nas 12 cidades-sedes e auxiliar a polícia brasileira no monitoramento de torcedores violentos, por exemplo.

Além dos 31 países classificadas para o Mundial, também participam do programa representantes da ONU, da Interpol, da Ameripol e de outras cinco nações convidadas - incluindo o Catar, sede da Copa de 2022. As unidades estrangeiras são formadas por até sete policiais, divididos em dois grupos: uma parte ficará em Brasília, no centro de controle, e outra viajará pelas cidades-sedes em que jogarão suas seleções, com presença nos estádios nos dias de partidas.

Os estrangeiros não terão poder de polícia no Brasil e nem vão trabalhar armados. No entanto, usarão os uniformes de suas corporações, para que sejam identificados por seus compatriotas. A ideia é que eles façam a mediação do contato da polícia brasileira com os torcedores estrangeiros quando necessário.

- São dois eixos fundamentias. Primeiramente, vão trazer mais segurança para todos. O estrangeiro vai ver o seu policial, vai saber que ali está o seu representante trabalhando em cooperação com a polícia brasileira. Tem também a barreira do idioma, que às vezes pode ser um problema e será facilitada com a presença desse policial. O segundo eixo é de inibir, fazer com que o cidadão estrangeiro, ao ver que ali está também o seu policial, evite qualquer tipo de atitude indesejada - explicou o delegado Andrei Passos Rodrigues, secretário de grandes eventos do Ministério da Justiça (Sesge).

O chefe da equipe de policiais da Holanda elogiou o programa de cooperação internacional e disse que a medida ajudará a garantir a segurança na Copa. Segundo Will van Kollenburg, a presença dos policiais estrangeiros será fundamental no contato preventivo com os torcedores, que podem estar sob efeito de bebidas alcoólicas.

- É uma inciativa muito importante. Vamos trabalhar para ter jogos seguros para todos. Usaremos nossos uniformes e vamos poder dar este suporte aos holandeses que estiverem aqui. Vão nos reconhecer e vamos poder ajudá-los. Acredito que vão se sentir bem. Nós também poderemos conversar com esses torcedores, que às vezes estão um pouco bêbados, para que não causem problemas - afirmou Kollenburg, que estima a presença de aproximadamente cinco mil holandeses em cada jogo da seleção laranja.

Para Jorge Latorre, inspetor da polícia espanhola, a presença de representantes das forças de segurança estrangeiras ajudará a alertar os torcedores de que certamente responderão em seus países pelos atos cometidos no Brasil.

- Acredito que encontrar fora de seu país uma imagem conhecida lhes dará confiança e sempre devem se dirigir aos nossos policiais antes do contato com a polícia brasileira. É possível também que eles tenham mais controle com a nossa presença, porque vão saber que poderão ter sanções administrativas na Espanha por conta das ações que cometerem aqui. Eles sabem que conhecemos seus comportamentos. Somos policiais que semanalmente trabalhamos no controle de público nos estádios e estamos contentes por poder colaborar com o trabalho de segurança na Copa também - disse Latorre.

Preocupação com "hooligans" e "barra-bravas"

Além de mediar o contato da polícia brasileira com os torcedores, os policiais estrangeiros também vão ajudar na identificação e no monitoramento de grupos com histórico de violência em estádios. A maior parte dos participantes do programa de cooperação da PF faz parte de equipes de segurança que atuam e eventos esportivos em seus países.

- No centro de comando, eles terão acesso a diversas câmeras espalhadas nas cidades-sedes, inclusive em aeroportos e estádios. Poderão colaborar com operações de inteligência e farão o acompanhamento direto com policiais de torcedores que no país deles já foram cadastrados como violentos - explicou o gerente de logística do centro de cooperação internacional da PF, Urquiza Júnior.

No caso da Argentina, por exemplo, já foi repassada à polícia brasileira uma lista de 2.200 torcedores com histórico de violência - no geral, integrantes de torcidas conhecidas como "barra-bravas". Além da equipe de policiais argentinos que participará do programa da PF, haverá também um grupo trabalhando especificamente com a polícia do Rio Grande do Sul, principal porta de entrada dos hermanos no Brasil e palco de um dos jogos da Albiceleste na primeira fase.

A polícia do Chile é outra que também estará atenta a grupos de "barra-bravas".

- Acreditamos que aproximadamente 40 mil torcedores vão vir para a Copa. Os que participam de "barras" estão identificados. Quando nossos policiais localizarem grupos deles no Brasil, vão alertar a polícia local - explicou o comissário da polícia chilena, Rodrigo Donoso Escudero.

Adversário do Brasil na abertura da Copa, a Croácia é outro país com problemas de "hooliganismo" com torcedores da seleção. Na Eurocopa de 2012, na Polônia e na Ucrânia, a federação de futebol foi punida pela Uefa por conta do mau comportamento de alguns grupos, que atearam objetos e fogos de artifício no gramado. No entanto, a polícia croata acredita que será mas fácil controlar a situação no Brasil, pois o número de torcedores deve ser menor.

- Estivemos na Eurocopa e tivemos grande cooperação com a polícia polonesa. Localizamos hooligans que causaram problemas e informamos às autoridades, que prenderam alguns deles. Mas não acredito que muitos venham ao Brasil por conta da distância. Nossa tarefa vai ser tentar localizar estes torcedores que podem causar algum problema e informar a polícia brasileira para que possam ter uma atenção maior com eles - afirmou um inspetor da unidade especial de prevenção ao "hooliganismo" da polícia croata que pediu para não ter o nome divulgado para não prejudicar o trabalho de inteligência no Brasil.

 

OUTRAS NOTÍCIAS

Levantamento alerta para direitos do servidor público estudante

1ª Turma mantém júri do caso Villela

Agente da PF ganha direito de remoção após ser vítima de assédio

Texto da reforma da Previdência é aprovado na CCJ