Ofício ao Diretor-Geral sobre a edição da MPV 657/2014

Data: 16/10/14

Senhor Diretor Geral


A Diretoria da Federação Nacional dos Policiais Federais por diversas vezes demonstrou empenho em contribuir para a melhoria da qualidade de trabalho policial desenvolvido por todos os servidores da Policia Federal.


Mais uma vez, para nossa surpresa, passou por vossas mãos, minuta de normativo que privilegia apenas uma categoria da Polícia Federal e, mais uma vez, houve patrocínio direto da sua gestão para a ampliação isolada de prerrogativas dos seus pares e a consequente e previsível degradação do já combalido ambiente interno.


O período de análise e conformação do texto no âmbito desta Direção-Geral, que se transformou na MPV 657/2014, editada pela Presidência da República na manhã de ontem, 14 de outubro de 2014, foi utilizado apenas para adequar os pleitos às visíveis aberrações jurídico-administrativa e minimizar a exposição da sanha corporativa pela busca de poder, em detrimento de qualquer análise do quadro caótico por que passa o Departamento de Polícia Federal, hoje sob o seu comando.


Não há qualquer justificativa plausível para a supervalorização do cargo de delegado de Polícia Federal e para o esquecimento e abandono das demais categorias.


Da mesma forma, todos os pleitos contidos na MPV 657, que passou por suas mãos, fazem parte de um contexto de negociação ampla, que o Governo Federal chama de reestruturação da Polícia Federal, e que o Departamento de Polícia Federal participa da mesa oficialmente. O adiantamento isolado dos pleitos de uma categoria descumpre acordos selados com o Governo Federal e, sem qualquer sombra de dúvida, irá acirrar ainda mais os ânimos já exaltados dos componentes dos demais cargos e sua figura será marcada para sempre pela consolidação da insatisfação interna dos demais policiais federais.


Preservando o respeito pela instituição e pela figura do nosso dirigente maior, não podemos e nem devemos nos esvair em nossas reações. Mas não nos furtaremos de ponderar sobre qual entidade, qual categoria, exerceu mais pressão, devida ou indevida, legal ou ilegal, sobre sua gestão.


Desde o início da sua gestão, após inesperada nomeação, ainda em janeiro de 2011, todo o apoio lhe foi conferido pela representação maior dos policiais federais, seja em reuniões ou através de documentos. Nada lhe faltou para legitimar a sua escolha como Diretor GERAL de toda a Polícia Federal.


Assim, tendo conhecimento da sua atuação na elaboração da minuta que motivou a referida medida provisória, bem como sabendo da presença do Presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal no Edifício Sede da Polícia Federal até as 23 horas da noite que antecedeu à publicação no Diário Oficial, resta à nossa Diretoria manifestar publicamente a nossa indignação e deixar registrado, antes do vosso desligamento desta respeitosa e digna função, que estaremos mais do que nunca empenhados em lutar por uma Polícia Federal mais humana, mais justa, mais solidária, menos elitista, totalmente desmilitarizada, e que busca verdadeiramente a prestação de serviços com eficiência e qualidade para a sociedade brasileira.


Contando com a compreensão do nosso dirigente máximo em torno das atuais discussões junto Governo Federal sobre as atribuições dos cargos da carreira policial federal, é nossa obrigação alertar para a grave situação motivacional que acomete os servidores e para as mobilizações que se avizinham, caso a administração da Polícia Federal não promova ações imediatas que busquem um equilíbrio nas atuais melhorias dos cargos, e ajude diretamente e com sinceridade para a construção de um ambiente justo e mais participativo de todas as categorias que compõem essa nobre instituição.

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