STF divulga novos trechos de delações premiadas da Lava Jato

Data: 10/03/15

Nas delações há menções ao tesoureiro do PT, João Vaccari Neto e o ex-ministro da Casa Civil no governo Lula, José Dirceu.

O Supremo Tribunal Federal autorizou a divulgação de novos trechos de delações premiadas da Operação Lava Jato. E os próximos passos dos investigadores estão na reportagem do Vladimir Netto.

A Polícia Federal está pronta para começar as investigações. A equipe que trabalha em inquéritos abertos pelo Supremo Tribunal Federal será reforçada com especialistas em repressão à lavagem de dinheiro.

Toda essa estrutura está sendo montada para cumprir as diligências autorizadas pela Justiça, como ouvir testemunhas, buscar registro de viagens e reuniões das autoridades, informações da entrada dos investigados no prédio da Petrobras e cópias de contratos que podem ajudar a esclarecer as suspeitas de crimes como corrupção e lavagem de dinheiro.

Por ordem do Supremo, 20 parlamentares terão de prestar depoimento nesse primeiro momento.

Não há prazo para a conclusão desses inquéritos, mas assim que eles estiverem prontos, a procuradoria-geral da República vai analisar caso a caso. E pode pedir novas investigações, arquivamento por falta de provas ou denunciar contra o investigado.

A decisão então é do Supremo, que tem dois caminhos: pode arquivar a denúncia ou abrir ação penal nos casos em que considerar que há provas. Se a ação for aberta, só aí os investigados viram réus e começa uma nova etapa, com a validação das provas, novos depoimentos de testemunhas e dos próprios acusados. A partir daí, o relator do caso no Supremo analisa o processo e só depois se inicia o julgamento.

Nesta segunda-feira (9), o Supremo Tribunal Federal divulgou novos trechos dos depoimentos dados em delação premiada pelo ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef. Entre eles, há menções ao tesoureiro do PT, João Vaccari Neto e o ex-ministro da Casa Civil no governo Lula, José Dirceu, que já está sendo investigado na Operação Lava Jato por ter sido apontado como destinatário de dinheiro desviado de contratos da Petrobras.

De acordo com o doleiro Alberto Youssef, o dinheiro entregue por ele em São Paulo servia para pagamentos das empresas Camargo Corrêa e Toyo ao Partido dos Trabalhadores, por meio de João Vaccari e José Dirceu, que foi condenado no processo do mensalão e hoje cumpre prisão domiciliar. Já o dinheiro entregue por Alberto Youssef no Rio de Janeiro eram pagamentos devidos ao ex-diretor de serviços da Petrobras Renato Duque e outros, referentes ao comissionamento das obras realizadas pela Camargo Corrêa e Toyo.

Youssef disse ainda que Julio Camargo, consultor da Toyo Setal, que fez delação premiada, tinha um relacionamento de negócios e amizade com José Dirceu e com Renato Duque. Tanto que José Dirceu utilizava o avião de Julio Camargo.

O ex-ministro José Dirceu declarou que repudia, com veemência, a acusação de que teria recebido recursos ilícitos de Júlio Camargo ou de qualquer empresa investigada na Operação Lava Jato. O ex-ministro também disse que, depois que deixou a Casa Civil, sempre viajou em aviões de carreira ou de empresas de táxi aéreo.

A secretaria de finanças do PT reafirmou que todas as doações que o partido recebe são feitas dentro da lei e declaradas à Justiça.

O tesoureiro João Vaccari Neto disse que nunca tratou de doações eleitorais, ou de qualquer outro assunto, com Alberto Youssef.

Renato Duque também disse que não conhece Youssef e que não recebeu propina.

A construtora Camargo Corrêa declarou que está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos.

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