PF deflagra 10ª fase da Lava Jato e Renato Duque é preso

Data: 16/03/15

A Polícia Federal prendeu na manhã desta segunda-feira, 16, o ex-diretor de Serviços e Engenharia da Petrobrás Renato Duque, em sua casa, no Rio. A prisão faz parte da décima fase da Operação Lava Jato, que investiga desvios na estatal.


É a segunda vez que Duque é preso, agora em caráter preventivo. Ele será encaminhado ainda nesta segunda para a sede da Polícia Federal em Curitiba (PR), onde estão outros presos da Lava Jato. Nesta manhã, policiais fazem buscas em sua residência. Para os investigadores, ele é o elo do PT com o esquema de desvios na petroleira. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), teriam sido captados na gestão de Duque cerca de R$ 650 milhões em propinas sobre contratos fechados de 2004 a 2012 com as seis empreiteiras que teriam integrado cartel para assumir negócios bilionários na estatal.
     
                        Renato Duque, ao deixar a sede da PF em Curitiba (PR), em novembro de 2014


Batizada de "Que país é esse", a décima fase da Lava Jato vai cumprir dois mandados de prisão preventiva, quatro de prisão temporária e 12 de busca e apreensão. O nome da etapa faz referência a uma frase dita por Duque ao ser preso pela primeira vez, em novembro do passado.

De acordo com a PF, Duque foi flagrado tentando ocultar patrimônio não declarado mantido na Suíça. Uma das operações envolveu a transferência de 20 milhões de euros para uma conta no Principado de Mônaco. A Polícia Federal já afirmava que, mesmo após deflagrada a Lava Jato, em março do ano passado, o ex-diretor transferiu dinheiro da Suíça para Estados Unidos e Hong Kong.

Outro alvo desta fase é o doleiro Adir Assad, considerado um dos maiores do País, e já investigado em outras operações da PF.  Ele foi preso ainda, em caráter termporário, Lucélio Góes, filho de Mário Frederico de Mendonça Góes - acusado de ser um dos 11 operadores de propina na Diretoria de Serviços e carregador de malas de dinheiro para o ex-diretor. Mário Góes foi preso pela Lava Jato e na última sexta-feira, foi indiciado por corrupção ativa, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

Os mandados serão cumpridos no Rio e em São Paulo. Os demais presos são apontados como laranjas do esquema. De acordo com informações da PF, os alvos desta etapa são investigados por seis crimes: associação criminosa, uso de documento falso, corrupção passiva e corrupção ativa, além de fraude em processo licitatório e lavagem de dinheiro.

Dirigentes da Petrobrás. Além de Duque, outros dois ex-diretores e um ex-gerente da Petrobrás são investigados por suspeitas de envolvimento com o esquema. São eles Paulo Roberto Costa (Abastecimento), Nestor Cerveró (Internacional) e Pedro Barusco, ex-gerente de Serviços e braço-direito de Duque na estatal. Costa e Cerveró estão presos. Barusco fez acordo de delação premiada e, para se livrar da prisão, aceitou devolver o equivalente a R$ 303 milhões que ganhou de propinas.

A Lava Jato, deflagrada há um ano, já resultou em 19 ações penais e 5 cíveis contra executivos, doleiros, empreiteiros e ex-dirigentes da Petrobrás por corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Ao todo, 11 empreiteiros estão presos e 50 pessoas, entre elas 35 parlamentares, são investigadas no Supremo Tribunal Federal.

A partir da investigação, procuradores da República e delegados da PF afirmam que a Petrobrás era o alvo de um cartel formado por algumas das maiores empreiteiras do País que se infiltraram nas áreas estratégicas da estatal. Elas dividiam contratos da Petrobrás e superfaturavam obras. Parte do valor excedente era usado para o pagamento de propinas a dirigentes da companhia e agentes políticos responsáveis por suas indicações. À Lava Jato, delatores afirmaram que políticos do PP, PT, PMDB e de mais quatro partidos foram beneficiários do esquema.

OUTRAS NOTÍCIAS

Levantamento alerta para direitos do servidor público estudante

1ª Turma mantém júri do caso Villela

Agente da PF ganha direito de remoção após ser vítima de assédio

Texto da reforma da Previdência é aprovado na CCJ