Lava Jato chega a contratos da Caixa e do Ministério da Saúde, diz PF

Data: 10/04/15

PF deflagrou 11ª fase da Operação Lava Jato nesta sexta-feira (10).
Irregularidades ocorreram em contratos de publicidade, segundo a polícia.

A Polícia Federal (PF) afirmou que a 11ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira (10), tem ligação com fraudes que vão além da Petrobras. Existem indícios de irregularidades em contratos publicitários da Caixa Econômica Federal (CEF) e do Ministério da Saúde.

Sete pessoas foram presas, entre elas três ex-deputados Luiz Argôlo (SDD-BA), Pedro Corrêa (PP-PE) e André Vargas (sem partido). Dezesseis mandados busca e apreensão também foram expedidos pela Justiça. Até as 11h30, apenas dois ainda não tinham sido cumpridos. Nove mandados de condução coercitiva, quando a pessoa é levada para prestar depoimento, também foram cumpridos durante a manhã.
Os presos serão trazidos para a superintendência da PF em Curitiba até o final da noite desta sexta-feira, segundo o delegado Igor Romário de Paula.


De acordo com a Polícia Federal, uma agência era contratada para execução de contratos de publicidade. Esta agência, que era dirigida por Ricardo Hoffmann – um dos presos desta nova fase – fazia subcontratações de empresas fornecedoras de materiais publicitários. Essas empresas, porém, são de fachadas e tinham como sócios André e Leon Vargas, irmão do ex-deputado.

"O Ministério da Saúde e a Caixa Econômica contratam uma empresa de publicidade. Ela subcontrata empresas em que o Leon e o André são sócios. Essas empresas não existem fisicamente e recebem um percentual equivalente a 10% do contrato firmado com a empresa principal. Então, nos leva a crer que, provavelmente, seja um percentual a ser desviado para agentes públicos", explicou o delegado federal Igor Romário de Paula. O esquema, de acordo com a investigação, tinha mais de uma camada de empresas.
Como não havia prestação de serviço, estas contratações eram realizadas apenas, conforme os delegados, para a lavagem de dinheiro. “Ainda é cedo, não dá para estimar. Precisamos dos resultados das buscas de hoje”, disse o delegado federal Márcio Ancelmo. As irregularidades começaram entre 2010 e 2011 e se estenderam até 2014.
Em nota, a Caixa Econômica Federal informou que abrirá apuração interna para averiguar os fatos revelados pela Polícia Federal no âmbito da investigação da Operação Lava Jato. "A CAIXA reitera que colaborará integralmente com as investigações e informa que encaminhará imediatamente todos os contratos relacionados às empresas citadas à Controladoria Geral da União, Polícia Federal e Ministério Público", diz a nota completa.
O Ministério da Saúde também foi procurado pela reportagem e informou que irá se manifestar por meio de nota ainda nesta sexta-feira (10).

O advogado João Gomes Filho, que representa os irmãos André e Leon Vargas, afirmou que irá para Curitiba, para ter acesso aos autos e conhecer o conteúdo e os motivos das prisões.
Filho adiantou que durante o fim de semana vai preparar o pedido de habeas corpus de André Vargas, que tem prisão preventiva. Já Leon Vargas foi preso temporariamente.

A polícia diz que, a princípio, essas irregularidades não têm ligação com o esquema descoberto na Petrobras. De alguma forma, porém, todos os suspeitos têm ligação com o doleiro Alberto Youssef, apontado como o líder do esquema bilionário de corrupção, desvio e lavagem de dinheiro na estatal.

A 11ª fase
A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta sexta-feira (10) a 11ª fase da Operação Lava Jato com 16 mandados de busca e apreensão, nove de condução coercitiva - quando a pessoa é levada para prestar depoimento – e mais sete mandados de prisão. Foram presos os ex-deputados André Vargas, Luiz Argôlo (SDD-BA) e Pedro Corrêa (PP-PE).

André Vargas, também ex-presidente da Câmara de Deputados, teve o nome inserido nas investigações da Operação Lava Jato quando se tornou pública a informação de que usou um avião alugado pelo doleiro Alberto Youssef, apontado como o líder do esquema bilionário de corrupção, desvio e lavagem de dinheiro.

Mais tarde, veio a público também a denúncia de que Vargas havia feito tráfico de influência no Ministério da Saúde a favor de uma empresa de Youssef. Vargas foi detido na casa dele em um condomínio de alto padrão de Londrina, no norte do Paraná.

Houve ainda mais quatro prisões:
-Leon Vargas - irmão do ex-deputado paranaense preso em Londrina
-Élia Santos da Hora, secretária de Argôlo, presa em Salvador
-Ivan Mernon da Silva Torres, ex-assessor de Pedro Corrêa preso em Niterói
-Ricardo Hoffmann, diretor de uma agência de publicidade em Curitiba, foi preso em Brasília.

A acusação que recai sobre o ex-deputado Pedro Corrêa, já condenado na ação penal do mensalão, é de que ele tenha recebido valores diretamente de Alberto Yousseff. A investigação descobriu também uma variação patrimonial sem cobertura, ou seja, sem renda compatível.
Quanto a Argôlo, a suspeita é de emissão fraudulenta de notas e ele também é sócio de Youssef em algumas empresas de fachada.


Todos os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. A previsão é de que cheguem à carceragem ainda nesta sexta-feira.

O carro de Paulo Roberto Costa
Um carro pertencente ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que firmou acordo de delação premiada para repassar informações sobre o esquema bilionário de corrupção, desvio e lavagem de dinheiro na Petrobras, foi usado para que os policiais cumprissem o mandado de prisão contra Vargas.

Conforme as investigações da Lava Jato, este veículo – que está sob cessão provisória da Polícia Federal – fez com que as investigações chegassem ate a estatal. O carro foi registrado no endereço do doleiro Alberto Youssef em nome de Paulo Roberto Costa - na placa o ano de nascimento do ex-diretor da Petrobras.

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