Ministro Cardozo vai tentar pôr fim às divergências entre Procuradoria e PF

Data: 17/04/15

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, informou que conversará com os principais comandantes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal para tentar aparar as arestas criadas entre os dois órgãos recentemente.

Nesta quarta (15), a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu depoimentos relacionados a sete inquéritos da Operação Lava Jato.

A intervenção de Janot irritou parte da cúpula da Polícia Federal e agentes envolvidos na investigação do esquema de corrupção da Petrobras, criando uma forte divergência nos bastidores –e gerando críticas até de ministros do Supremo Tribunal Federal.

Cardozo pretende se reunir ainda nesta quinta-feira (16) com Leandro Daiello, diretor-geral da PF, e, em seguida, com Janot.

Perguntado se a cizânia não põe em risco o andamento das investigações sobre o escândalo de corrupção na Petrobras, Cardozo disse acreditar tratar-se apenas de algo pontual.

"Tenho certeza que isso será resolvido. Não pouparemos esforços para que harmonia continuem acontecendo da melhor forma possível", afirmou Cardozo.

Os procuradores ficaram incomodados com a ação da PF ema marcar depoimentos, sem consulta prévia à PGR. A medida foi interpretada como uma movimentação dos policiais para medir forças e buscar autonomia.

Em nota divulgada nesta quinta (15), a Associação dos Delegados da Polícia Federal repudiou "a tentativa do Ministério Público Federal de interferir nas apurações" da PF. Os delegados criticaram o MPF e dizem que esta movimentação é comandada por Janot.

"A autonomia defendida amplia os níveis de controle interno, externo e social das atividades da Polícia Federal, o que a entidade rejeita é a intenção de um controle exclusivo do Ministério Público Federal sobre a PF. Tendência essa cada vez mais evidenciada na postura institucional do Ministério Público Federal de promover o esvaziamento e o enfraquecimento da Polícia Federal com o nítido objetivo de transformá-la de uma Polícia Judiciária da União em uma verdadeira Polícia Ministerial sob o comando de Janot", afirmou a associação.

2013

A briga entre procuradores e policiais sobre competências para investigar casos é antiga e ganhou fôlego em 2013, quando policias reforçaram o movimento pela aprovação do projeto que retirava poderes de investigação do Ministério Público, que estava em discussão no Congresso.

Com os protestos de junho que sacudiram as ruas no país naquela época, no entanto, a Câmara rejeitou a proposta. As duas categorias protagonizam estranhamento desde então.

Não há informações de quantos ou quais depoimentos da Lava Jato foram cancelados, mas a expectativa é de que sejam retomados na próxima semana.

Segundo procuradores que acompanham o caso, o Ministério Público recorreu ao STF para frear as apurações numa tentativa de "retomar as rédeas" e redefinir as estratégias do caso.

Em um despacho de março, Zavascki definiu que o controle do processo, que implica no direcionamento de todas as ações referentes ao caso, estava nas mãos da Procuradoria.

Os procuradores ficaram incomodados com a ação da PF para marcar depoimentos, decidir quem e quando seriam ouvidos, sem consulta prévia ao Ministério Público. A medida foi interpretada como uma movimentação dos investigadores da PF para medir forças e buscar autonomia.

A Folha apurou que, numa contraofensiva, o Ministério Público passou a ligar para os políticos e oferecer que os depoimentos também poderiam ocorrer com os procuradores. As cúpulas dos dois órgãos teriam se desentendido.

Investigadores da PF ouvidos pela Folha afirmam que os procuradores estão atuando de forma extremamente agressiva para manter as rédeas da operação e estariam irritados com as articulações da categoria para conquistar autonomia funcional e orçamentária.

 

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