Banco de digitais para de funcionar e prejudica investigações criminais

Data: 01/06/15

Desde janeiro, o programa que registra, armazena e faz a busca de impressões digitais para investigação criminal está parado, por sobrecarga. No Paraná, estima-se que 700 investigações policiais estejam paralisadas ou prejudicadas. Casos que eram analisados com tecnologia eletrônica voltaram a ser investigados na base da tinta e do papel.

A estagnação do Sistema Automatizado de Identificação por Impressões Digitais, o Sistema Afis, bloqueia o acesso a cerca de 18 mil cadastros criminais (180 mil digitais) no Paraná e outros 15 milhões feitos por todo país. Até janeiro, quando um crime era investigado, os dados biométricos dos suspeitos eram comparados com os dados armazenados. As mais semelhantes com a do suspeito eram encaminhadas para o trabalho dos papiloscopistas, para comprovarem a quem pertencia tal impressão digital.

Delegacia

“Contamos agora só com dados que a delegacia que investiga o crime puder nos passar. Restringiu-se muito a área de pesquisa e vários criminosos permanecem à solta. A sociedade é penalizada pela atuação inadequada do Estado”, disse um papiloscopista paranaense, que pediu para não ser identificado.

Essa situação poderia ter sido evitada se a licitação para nova expansão da memória do programa acontecesse antes de o sistema ficar abarrotado. “Foi como um copo d’água, que entornou. Houve contingenciamento de verbas nacionais e que atingiu também a Polícia Federal, responsável pela manutenção do Afis”, explica o presidente da Federação Nacional dos Profissionais em Papiloscopia e Identificação (Fenappi), Antônio Maciel. A Polícia Federal não comentou o assunto.

Faltou grana federal e estadual

Apesar de o Sistema Afis ter sido implantado a partir de um programa federal, vários papiloscopistas ouvidos pela Tribuna afirmaram que seria possível ter evitado a sobrecarga do armazenamento de cadastros biométricos se a Secretaria da Segurança Pública (Sesp) tivesse investido mais em sistemas adicionais.

“Em 2012, fizemos um projeto, orçado em R$ 38 milhões para ter um Afis mais eficaz para a Copa do Mundo e que ficasse para o estado, o que evitaria o que está acontecendo hoje. Tínhamos garantida verba de R$ 21 milhões para reforma no Instituto de Identificação do Paraná, que nunca aconteceu. Foi frustrante ver que o projeto não foi adiante”, comentou um dos profissionais, que pediu o anonimato.
A Sesp informou à reportagem, que “tem feito reuniões e pesquisas de mercado para procurar parcerias com empresas que ofereçam produtos similares ao Afis”.

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