Marília está entre as cinco delegacias da PF com maior déficit de efetivo de SP
Data: 17/11/15
O efetivo da Polícia Federal de Marília, responsável por 69 municípios na região, está entre os cinco mais defasados do Estado de São Paulo. A informação é do representante do sindicato da categoria na unidade, Flávio Dias Pinheiro. Ele e os cerca de 40 policiais receberam nesta sexta-feira o diretor parlamentar do Sindicato dos Servidores da Polícia Federal no Estado de São Paulo (Sindpolf-SP), Alexandre Sally.
No interior paulista, a superintendência da PF conta com 15 delegacias. Além de investigar crimes federais, as unidades também são responsáveis por vários serviços, como emissão de passaportes, operação do Sinarm (Sistema Nacional de Armas), fiscalizações e perícias.
Sally afirma que o sindicato percorre as unidades periodicamente para manter contato com os policiais, verificar as condições de trabalho, coletar denúncias e apurar situações de assédio moral eventualmente praticado por superiores hierárquicos.
O déficit no quadro de pessoal, segundo o sindicalista, é um dos principais limitadores da Polícia Federal. O diretor estadual afirmou que, no Brasil, em média, as delegacias funcionam com apenas 1/3 do efetivo necessário.
O representante sindical da PF em Marília foi mais específico e disse acreditar que, no ranking da defasagem, a cidade está entre as cinco mais carentes de mão de obra. “Faltam escrivães, agentes e papiloscopistas, enfim, em todas as carreiras há um déficit”, afirmou.
Nos últimos anos, o sindicato teve Marília como base para discussão de alguns problemas que atingem toda a instituição. “Um exemplo foi a nossa denúncia, junto ao Ministério Público, sobre a completa inadequação das viaturas para o transporte de presos. Depois que o MPF (Ministério Público Federal) chamou a superintendência para conversar e buscar solução, todos os carros foram readequados e a pessoa detida fica separada dos policias”, lembrou.
Outra ação, ainda sem sucesso, foi a reivindicação do fim do regime de sobreaviso nas 72 horas de folga seguintes ao plantão de 24 horas dos policiais. O sindicato tem acompanhado as ações judiciais individuais dos servidores, porém, em Marília, a Justiça negou o pedido.
O sindicato também tem reivindicado o fim da escolta de presos pela Polícia Federal, o que segundo Sally não é uma atribuição legal. “O que aconteceu, principalmente no interior, foi que os juízes federais começaram a pedir apoio da PF para a escola, uma vez que havia atrasos em função de um período de grande sobrecarga da Polícia Militar, há uns dez anos. O que era exceção, acabou virando regra, mas não é uma atribuição legal”, diz.
ASSÉDIO MORAL
Em 2012, o sindicato esteve na cidade em circunstâncias menos amistosas. Havia denúncia de assédio moral formalizada à entidade. Agentes e delegados relatavam condutas autoritárias, descontentamento e ameaças de processos disciplinares pela chefia da época, que teria adotado, inclusive, controles de jornada não previstos em regulamento.
Na análise do sindicato, a delegacia de Marília (que ficou conhecida em todo o Brasil pela Operação Oeste), superou a maior parte das adversidades. Atualmente, as dificuldades dos policiais não são diferentes das demais unidades do Estado de São Paulo, avalia a entidade.
“Em todo o país, de uma forma geral, estamos muito longe das condições ideais de trabalho. Faltam servidores, equipamentos, viaturas e, principalmente, uma política de reconhecimento ao policial federal”, diz Sally.
CICLO COMPLETO
O sindicato defende o chamado “Ciclo Completo” e afirma que a medida irá modernizar a polícia. Se a reforma foi feita, a mesma corporação policial poderá executar as atividades repressivas de polícia judiciária, de investigação criminal e de prevenção ao crime.
O debate é amplo e divide, principalmente, policiais ostensivos (Polícia Militar, agentes federais) e delegados de polícia. “Só existem no mundo três países que funcionam com o nosso sistema: o Brasil, a Quênia e a Uganda. Será que todos estão errados e só estes três países estão certos?”, questionou o diretor parlamentar.