“A minha missão neste plano continua” - Quatro anos depois, viúva de Marcelo Miranda fala sobre superações

Data: 15/08/18

Marcelo Miranda e Christiany Corrêa de Miranda . Foto cedida pela família.

A matéria abaixo é uma homenagem a todos os policiais que morreram, vítimas de violência ou trabalhando para combatê-la: federais, militares, GCMs e civis. Infelizmente não caberiam todas as histórias em uma página da internet, então escolhemos uma para representá-las: a do colega Marcelo Miranda.   Atrás da morte de cada policial existe uma família que chora por sua perda, e por mais que o tempo ajude na superação a lacuna permanecerá. 

Existe uma frase popular que diz "o tempo cura" e pode ser complementada com outra: "cura, mas não apaga". Esses sinais são perceptíveis quando conversamos com a advogada Christiany Corrêa de Miranda, viúva do papiloscopista Marcelo Miranda, assassinado há quatro anos durante uma tentativa de assalto.

Em 2014, Miranda estava no carro com sua mulher, Christiany e a filha Carolina de quatro anos, quando uma moto com dois bandidos encostou do lado e anunciaram o assalto.  O policial chegou a sair do veículo e na troca de tiros, foi baleado, falecendo uma semana depois. Os suspeitos fugiram e um deles ferido, morreu ao dar entrada na AMA (Assistência Médica Ambulatorial) de Paraisópolis.

A morte de Miranda provocou comoção em todos os policiais, imprensa, sociedade e, sem dúvida, dor e revolta dos familiares. Christiany declarou à época sua vontade imensa de mudar o país. Hoje, ela nos conta sobre o sofrimento, mas não soube informar ao certo quando ocorreu a superação da perda. "Talvez, por ser espírita, tenha uma visão diferente dos fatos. Compreendi, aceitei e, segui adiante pois a minha missão neste plano continua. Devo ao Miranda que nossa filha seja muito bem criada, seja uma mulher digna, como ele gostaria que fosse. Assim será".

Trabalho e família

Chris, como é chamada pelos amigos, retomou sua atividade profissional na área de Direito Militar.  "Minha prioridade foi a família que constitui com Miranda e nossa filha. Ele sempre me deixou à vontade para escolher o que fazer em relação a minha vida profissional que voltou a ter ênfase depois de seu falecimento. Minhas responsabilidades duplicaram, aprendi muito com ele e ainda mais após sua partida. Hoje sou, mãe, advogada e gestora em todos os sentidos".

Chris explica que Carol é uma criança inteligente, resolvida.  "Embora com pouca idade na época, soube assimilar os fatos que ocorreram e aceitar a perda prematura do pai. Por ter assistido tudo o que aconteceu, no princípio fiquei preocupada como ela lidaria com isso. Jamais tive problema algum. Em nenhum momento necessitou de acompanhamento psicológico. Continua sendo alegre, comunicativa, sempre rodeada de amigos e com excelentes notas".

Violência

Sobre a violência, a viúva de Miranda resume: "Descaso das autoridades que estão no "topo da pirâmide", além das brechas existentes na legislação penal vigente e arcaica que sempre beneficiam "os réus", digamos assim".

A violência contra policiais no Brasil, segundo a advogada, não foge à regra. “Vejo com tristeza a forma como a sociedade trata aqueles que arriscam a própria vida para nos proteger. Revoltante a mentalidade em nosso país. Uma sociedade que, na real, não poderia exigir mudanças no contexto político, visto não agirem de maneira diferente daqueles que nos governam”.

Para as viúvas de policiais, um recado de Christiany Miranda:  “Respeitem seu próprio tempo, seu luto. Cada uma lida de maneira diferente com essa experiência. Diria para que VIVAM da melhor forma que puderem. Se acreditarem em Deus, assim como eu creio, continuem a acreditar, Ele não erra. Pensem em todas as pessoas que precisam delas. Não as decepcione e, não decepcione aquele partiu deixando seu legado. Continuem."

 SINDPOLF/SP - Sobre a atuação do SINDPOLF/SP, Chris avalia: "Souberam nos orientar com relação a determinados pontos e a estreitar o contato com o Setor de RH do DPF, agilizando assim alguns procedimentos sem maiores problemas".

Portal SP

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