Galloro reúne 'todas as condições' para comandar PF, diz entidade de delegados
Data: 28/02/18
Atual secretário nacional de Justiça substituirá Fernando Segovia na chefia da Polícia Federal. Associação de peritos diz ver troca com 'atenção'; agentes manifestaram 'total apoio'.
A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) divulgou uma nota nesta terça-feira (27) na qual avaliou que o novo diretor-geral da PF, Rogério Galloro, reúne "todas as condições técnicas" para comandar a corporação.
Também em nota, a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), por outro lado, disse ver a troca com "atenção", acrescentando que o novo diretor-geral precisa atuar de forma "livre" de pressões políticas.
Mais cedo, nesta terça, o novo ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, decidiu demitir o atual diretor-geral, Fernando Segovia, e indicar Rogério Galloro para o cargo – hoje, ele é secretário nacional de Justiça.
Segovia assumiu a PF em novembro do ano passado após ser indicado, segundo a TV Globo, pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e pelo ex-presidente da República José Sarney.
À época, Leandro Daiello, então diretor-geral, havia decidido se aposentar, e o ministro da Justiça, Torquato Jardim, a quem a PF era subordinada, apresentou o nome de Galloro para a direção-geral, mas o presidente Michel Temer optou por Segovia.
'Total apoio' a Galloro
A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), que representa os agentes, também divulgou nota nesta terça sobre a troca no comando da PF.
Segundo a entidade, Galloro terá "total apoio" para conduzir os trabalhos da corporação.
"Rogério Galloro é considerado um perfil operacional, discreto e com bom relacionamento com os servidores do órgão. Tem se destacado pela dedicação nos setores onde foi lotado. É reconhecido pelos colegas como um nome qualificado para desempenhar as importantes atribuições da função", diz trecho da nota da entidade.
Bastidores
Segundo o colunista do G1 e da GloboNews Gerson Camarotti, a avaliação interna no governo é a de que a permanência de Segovia na PF iria ofuscar as ações do novo Ministério da Segurança Pública.
Além disso, informou a colunista do G1 Andréia Sadi, Temer e Raul Jungmann avaliaram que Segovia "perdeu a autoridade" sobre a corporação, assim como também perdeu a interlocução com o Supremo Tribunal Federal (STF) e com a Procuradoria Geral da República (PGR).
Recentemente, Segovia foi intimado pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso a dar explicações por ter dado declarações públicas sobre um inquérito em que o presidente Temer é investigado.
Íntegra
Leia abaixo, na íntegra, as manifestações das entidades sobre a escolha de Rogério Galloro para a direção-geral da Polícia Federal.
Associação dos Delegados de Polícia Federal (ADPF)
Para a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal – ADPF, o novo Diretor Geral da Polícia Federal, Delegado Rogério Galloro, com mais de 22 anos de experiência no exercício do cargo, reúne todas condições técnicas para desempenhar com eficiência o comando da instituição.
Entretanto, o momento impõe à toda sociedade uma importante reflexão: As trocas no comando demonstram a necessidade urgente da aprovação de mecanismos legais que confiram previsibilidade, estabilidade e proteção à Polícia Federal.
É fundamental a aprovação, pelo Congresso Nacional, de mandato para o cargo de Diretor-Geral e a sua nomeação com base em uma lista formada por quadros técnicos de carreira, escolhidos por delegados, a fim de oferecer ao presidente da República nomes qualificados para conduzir uma das mais respeitadas instituições brasileiras. É essencial também que os parlamentares aprovem rapidamente a proposta que estabelece autonomia administrativa, orçamentaria e financeira à Polícia Federal.
Essas medidas formam o sistema de proteção da Polícia Federal, garantindo a continuidade de suas ações de combate ao crime organizado e à corrupção.
Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF)
É com grande atenção que a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) acompanha a troca na direção-geral da PF.
Processos de mudança são naturais no âmbito da administração pública. É imprescindível, entretanto, que qualquer ação nesse sentido ocorra de forma a garantir que a instituição continue funcionando de acordo com o interesse público, livre de pautas corporativas e de pressões políticas, que não devem, sob nenhuma hipótese, influenciar o trabalho investigativo e a produção isenta da prova material, com a devida autonomia técnica, científica e funcional à perícia criminal federal.
A criação do Ministério Extraordinário da Segurança Pública, ao qual a Polícia Federal agora está vinculada, parece ser uma medida adequada às necessidades urgentes do combate ao crime, como maior integração entre as polícias e desenvolvimento de ações de inteligência. É preciso haver, independentemente do servidor que ocupe o cargo de diretor-geral, o comprometimento com essas ações e também com o contínuo desenvolvimento científico do órgão.
Marcos Camargo, presidente da ACPF
Federação Nacional dos Policiais Federais
NOTA À IMPRENSA
A Federação Nacional dos Policiais Federais recebeu com naturalidade a troca de comando da Polícia Federal anunciada nesta terça-feira (27) pelo recém-empossado ministro da Defesa Raul Jungmann. A entidade também manifesta que, assim como Fernando Segóvia, Rogério Galloro terá total apoio dos policiais federais para ocupar a função.
Na avaliação da entidade, diversos acontecimentos contribuíram para um desgaste da gestão de Segóvia. O então diretor assumiu a pasta em um momento de crise política. Na segurança pública, teve de enfrentar a resistência dos próprios pares e, recentemente, fez declarações conturbadas sobre o trabalho de investigação desempenhado pela Polícia Federal.
Nome que assumirá a Gestão, Rogério Galloro é considerado um perfil operacional, discreto e com bom relacionamento com os servidores do Órgão. Tem se destacado pela dedicação nos setores onde foi lotado. É reconhecido pelos colegas como um nome qualificado para desempenhar as importantes atribuições da função e chegou a ser cogitado pelo Presidência da República na ocasião da última troca de comando da Polícia Federal, em setembro de 2017.
A Fenapef agradece o empenho de Fernando Segóvia à frente do cargo e seu esforço em honrar os compromissos que assumiu com os policiais federais e deseja ao novo diretor-geral, Rogério Galloro, sucesso em mais essa missão.
A expectativa da Federação, especialmente diante da criação do Ministério da Segurança Pública, é que se inicie um debate profundo sobre o modelo de segurança pública brasileiro, assim como a busca pela integração nacional de todas as forças policiais, para combater a corrupção e as organizações criminosas que atuam no País.
Brasília, 27 de fevereiro de 2018