PF descobre que Beira-Mar enviava ordens por bilhetes para integrantes da quadrilha

Data: 24/05/17

Através de bilhetes, o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, envia ordens do presídio federal de Porto Velho, em Rondônia, para advogados e integrantes de sua família. Dessa forma gerenciou, pelo menos, durante o último ano e meio, a diversificação de seus negócios. Agora, além do tráfico de drogas, o criminoso lucra com a exploração de serviços como a venda de botijões de gás até um percentual nas máquinas de caça-níqueis instaladas em três comunidades de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Os lucros, de acordo com os investigadores, chega a R$ 1 milhão por mês.

Nesta manhã, foram presos um dos filhos do criminoso na Paraíba e um braço-direito do traficante no Ceará. A PF também prendeu Alessandra da Costa, irmã do traficante e apontada como sua conselheira. Débora da Costa, outra irmã, moradora da Ilha do Governador, vai ser conduzida para prestar depoimento na Polícia Federal.

Os policiais cumprem 35 mandados de prisão, 27 de condução coercitiva e 86 de busca e apreensão nos estados do Rio, Rondônia, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Ceará e no Distrito Federal. As principais áreas de atuação de Fernandinho Beira-mar são três comunidades de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense: favela Beira-Mar, Parque das Missões e Parque Boavista.

Após um ano e dois meses de investigações, a PF descobriu que o gerenciamento de Beira-mar levou sua organização a atuar como uma milícia. Os rendimentos são obtidos com a venda de botijões de gás, cesta básica, mototáxi, venda de cigarros e até com o abastecimento de água. O traficante é acusado de organização criminosa, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas.

Nas investigações, a Polícia Federal descobriu que para fazer o esquema funcionar o criminoso contava com a colaboração de presos da penitenciária federal onde cumpre pena. Beira-Mar repassava bilhetes o vizinho de cela que entregava para a mulher durante a visita íntima. A companheira do detento, que não teve o nome revelado pela Polícia Federal, levava para uma digitadora, em Porto Velho, que após digitalizar o recado. Em troca, a mulher do preso tinha estadia e transporte pagos pela quadrilha de Fernandinho Beira-mar.

Após a digitação da ordem, a digitadora enviava por email ou por mensagens de telefones celulares para integrantes da quadrilha do traficante. A cada semana, em média, um novo email era criado. Assim, Beira-mar tentou evitar o flagrante de ter algum bilhete apreendido com a sua caligrafia. Em 2010, vários bilhetes escritos pelo criminoso foram apreendidos pela polícia. Essa digitadora, que teve a prisão decretada pela Justiça, também cuidava da compra de passagens aéreas para que parentes viajassem do Rio a Porto Velho para visitar o traficante. Por semana, Beira-mar gastava R$ 20 mil em passagens aéreas.

Nas investigações da PF não se encontrou nenhum indício de participação de agentes do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) que auxiliaram nas investigações. Foi um grupo de agentes que encontraram em agosto de 2015 um bilhete rasgado, escrito por Beira-Mar, nos fundos da marmita de refeição servida na unidade. Outros bilhetes foram apreendidas dando início ao inquérito aberto em março de 2016.

Criminoso atua mesmo preso

Desde 2006, Fernandinho Beira-Mar está preso em uma penitenciária federal. Em 2007, a Polícia Federal investigou o criminoso e descobriu que, apesar da vigilância, ele manteve o fornecimento de drogas (maconha e cocaína) para a maior facção de drogas do Rio. A investigação da PF, na ocasião, levou 19 pessoas para a prisão.

A operação Fênix, como foi chamada, descobriu que Beira-mar escolheu a mulher, Jacqueline Alcântara de Morais para sucedê-lo no comando da quadrilha. Na ocasião, 19 pessoas foram presas e condenadas pela Justiça Federal do Paraná.

Em condenações, o traficante acumula penas que somam quase 320 anos de prisão em crimes como tráfico de drogas, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e homicídios.

Em 2015, o criminoso foi condenado a 120 anos de prisão apontado como responsável liderar uma guerra de facções, em 2002, dentro do presídio de segurança máxima Bangu I, no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio, quando quatro rivais foram assassinados. Fonte:  G1 

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