PF não deve entrar no PDV: "adesão seria baixíssima", destaca Werneck
Data: 26/07/17
Davi Lobão, membro da executiva nacional da Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas) e representante do Sindicato Nacional dos Servidores Federais de Educação Básica Profissional e Tecnológica (Sinasefe) na CSP-Conlutas lembra que a experiência no PDV promovido pelo governo FHC, nos anos 1990, deixou consequências dramáticas entre quem aderiu:
- Momentaneamente pode parecer um bom negócio acessar esse dinheiro, entre a minoria que aderiu e usou o dinheiro para abrir o próprio negócio quase todos faliram. Houve casos de suicídio. Estamos orientando a não aderir ao PDV.
Lobão classifica o plano anunciado ontem como um "bombom envenenado", que chega num momento oportuno para o governo, pois muitas famílias estão com integrantes desempregados, precisando se livrar de dívidas e voltar ao mercado, no caso podendo usar o dinheiro do PDV para abrir negócio próprio:
- O governo joga com o fato de muitos estarem em crise em familiar. Quem tem familiares desempregados pode ver uma oportunidade de tirar eles do bicos. Mas acontece que é muito difícil uma empresa vingar nesse país, ainda mais em tempos de crise.
Em todo o Brasil há 67 mil professores e técnicos administrativos servidores federais. Segundo Lobão, 70% são professores.
Cláudio Damasceno, presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco Nacional), entende que o governo federal tem "formas mais eficientes de equacionar o problema orçamentário do que com o PDV". Apesar de acreditar que não haverá adesão dos servidores da categoria, ele diz que uma adesão consistente pioraria ainda mais o quadro, que já é deficitário.
- Hoje somos 9,7 mil auditores na ativa, não temos novo concurso público desde 2014 e, em média, 600 se aposentam por ano, número que tende a aumentar com essa combinação de fatores. No entanto, a adesão deve ser baixa porque não há uma tradição entre a categoria de aderir a esse tipo de programa. Basicamente só perdemos servidores para a aposentadoria e outros concursos públicos - diz Damasceno.
Já policiais federais acreditam que não devem entrar no decreto, que ainda deve ser publicado, por prestarem serviço de estado, ou seja, que não pode ser terceirizado a estados e municípios ou privatizado. E mesmo que entrassem, Flávio Werneck, vice-presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, que representa os 15 mil profissionais do ramo, acredita que adesão será "baixíssima, pois não há vantagem financeira nessa proposta".
- Em menos de dois anos, o mesmo dinheiro que o servidor que aderir ao PDV ganharia, pode ser conquistado trabalhando, mantendo sua aposentadoria e outros benefícios. Não é atrativo para os policiais - diz Werneck.
Fonte: OGlobo