Quadrilha do CE e SP que fraudava internet banking levava vida de ostentação

Data: 17/04/17

Grupo acessava contas de clientes e desviava valores. Montante da fraude supera R$ 7,5 milhões, segundo a Polícia Federal

A quadrilha que roubou mais de R$ 7,5 milhões de clientes de internet banking de quatro bancos do país levava uma vida de luxo ostentando veículos, joias, viagens e imóveis adquiridos com dinheiro ganho ilicitamente, segundo a Polícia Federal. Um dos presos pela Polícia Federal morava em um apartamento de luxo na Avenida Beira-Mar, em Fortaleza, e exibia joias, relógios e carros caros nas redes sociais como mostra reportagem do Fantástico deste domingo (16). Ele foi o principal alvo da 'Operação Valentina', deflagrada no dia 11 de abril pela Polícia Federal no Ceará. “A quadrilha é formada basicamente por jovens entre 25 e 30 anos. Eles utilizavam esse dinheiro em farras, viagens, ostentação”, explica o delegado Madson Henrique Tenório, chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários da Polícia Federal no Ceará. Na chegada ao apartamento do suspeito, os policiais foram ''recepcionados'' pela cadela da raça golden retriever chamada Valentina, que acabou nomeando a operação. Treze pessoas foram presas e 25 mandados de busca e apreensão contra os investigados foram cumpridos na capital cearense e no estado de São Paulo. As investigações apontam que o grupo coletava dados bancários das vítimas por meio de mensagens de celular contendo softwares maliciosos. As fraudes, confirmadas pela investigação e pelas instituições financeiras, fizeram vítimas em todo território brasileiro e eram realizadas até mesmo no exterior. As investigações começaram a partir de informações prestadas pelos bancos, segundo o delegado Madson Tenório. "O próprio banco nos repassava informações de invasões, de acessos indevidos, de tentativas de fraude e nós íamos registrando esses fatos e tentando mapear a quadrilha". Segundo ele, 99% das fraudes ocorreram em contas de clientes de fora do Ceará, o que dificultaria a identificação das vítimas, na avaliação da quadrilha. Uma das vítimas, que prefere não se identificar, conta como se dava o golpe. Segundo ela, em janeiro recebeu uma mensagem no aplicativo do banco que havia sido 'hackeado'. “E era justamente pedindo o número do meu telefone. Eu fui, alterei. Quando eu fui confirmar me pediram a senha de seis dígitos e coloquei a senha”. Perdeu R$ 12 mil. “Fizeram empréstimos em meu nome, saques na minha conta. Pagaram IPVA e transferiram dinheiro pra Fortaleza”, conta, ainda assustada.

Com as informações, a quadrilha também conseguia invadir a linha telefônica da vítima. Isso com a ajuda de funcionários de empresas telefônicas que bloqueavam a linha para o titular e quando o banco tentava ligar para confirmar alguma movimentação suspeita, quem atendia era um membro da quadrilha. “Eu já não conseguia mais acessar o smartphone”, conta a vítima. “Funcionários das operadoras recebiam uma determinada quantia do grupo para bloquear o número de contato da vítima e habilitar esse número em um chip virgem do fraudador. De posse do número clonado o fraudador acessava a conta bancária, porque ele já tinha conseguido – através de um software malicioso – ter um acesso credencial bancário. Ele fazia esse acesso através do número de celular que já estava cadastrado no internet banking da instituição financeira”, explica o delegado. Outro método usado pela quadrilha era enviar mensagens de texto com links maliciosos que roubavam as informações das vítimas. “O líder do grupo é quem disseminava os softwares maliciosos. Ele cooptava as pessoas para fazer o trabalho para ele”. “O banco não manda e-mail para os seus clientes pedindo para atualizar seus dados cadastrais. Ele não te manda uma mensagem de texto no celular dizendo que há um problema com um cheque seu que foi devolvido. Normalmente, há um contato formal do seu gerente para fazer esse tipo de atualização” alerta Nelson Barbosa Júnior, especialista em segurança digital. Em menos de um ano, o ressarcimento aos clientes já custou aos bancos R$ 7,5 milhões. “Mas esse montante é muito inferior ao que a gente está imaginando que vá apurar ao final da investigação”, acredita o delegado Madson Henrique Tenório. O especialista em segurança digital dá uma dica. Tão importante quanto ter ferramentas para navegar na internet é tomar um cuidado básico: para e pensar antes de sair clicando em qualquer link. “A gente pode ter a melhor solução de segurança instalada, com as melhores configurações, bloqueando praticamente toda a comunicação, mas se a gente não tirar essa compulsão, não diminuir a velocidade desse clique, desse toque, a gente vai ser vítima de qualquer tipo de ataque”, alerta. Os investigados, na medida de suas participações, responderão pelos crimes de furto qualificado, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Veja a transcrição de uma das conversas: Membro da quadrilha: Sim, sou eu. Pode falar. Operador do banco: Eu estou entrando em contato com a senhora pra confirmar a liberação de uma "mobile" que foi realizada hoje às 18h44. Membro da quadrilha (imitando voz de mulher): Sim, correto. Sou eu sim.

G1

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